A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) enviou um ofício ao Ministério da Saúde e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) solicitando que a vacinação de crianças contra a Covid-19 seja interrompida.
Sem qualquer prova, Zambelli também afirma que o plano de imunização do grupo de 5 a 11 anos mostra-se “ineficaz e coloca em risco a integridade física das crianças”.
Segundo Carla, “dezenas de crianças” estariam “sofrendo reações adversas” devido à aplicação incorreta do imunizante da Pfizer destinado para adultos em crianças.
A deputada federal usa como base para seu pedido a vacinação de 49 crianças no município de Lucena, na Paraíba. Na cidade, crianças receberam na imunização dose para adultos da vacina da Pfizer, em dezembro de 2021.
A Secretaria de Saúde da Paraíba investiga, também, se as doses estariam vencidas. Porém, até agora, mesmo reconhecendo o erro na aplicação das doses, não há qualquer registro de reação adversa no grupo de 49 meninos e meninas.
Zambelli também encaminhou cópias do ofício para o Ministério Público Federal (MPF) e secretarias de Saúde da Paraíba e de Lucena.
A vacina aplicada em crianças no Brasil desde a última sexta-feira (14) passou por todos os testes e por avaliação da Anvisa, que atestou a segurança do imunizante para o público. Para a aplicação da dose tradicional em adolescentes de 12 a 17 anos, a agência também confirmou a efetividade da vacina.
Na contramão de Zambelli, o Ministério Público Federal na Paraíba (MPF-PB) encaminhou um ofício ao presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, e ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, contestando a deputada.
O MPF sustenta que o que ocorreu em Lucena é um fato isolado, já em apuração e diz respeito exclusivamente à desatenção aos protocolos de operação do Programa Nacional de Imunização do público infantil, em uma única unidade de saúde.
Para o órgão, a interrupção na vacinação “não se revela razoável, nem necessária, haja vista que a vacina contra o patógeno pandêmico destinado à essa faixa etária é segura, conforme decisão fundamentada proferida por essa agência reguladora”.
“Não pode ser utilizado como pretexto para justificar a suspensão do curso de toda uma campanha de vacinação, esta, sim, uma medida que, se efetivada, colocaria em risco todo o público-alvo, o qual, há meses, aguardam pelo aludido imunizante”, diz o MPF.
A procuradora da República, Janaína Andrade, informou que o MPF está investigando o caso para encontrar os culpados e que já colheu depoimentos dos envolvidos, como por exemplo, o prefeito de Lucena, Leo Bandeira (Solidariedade).