Jair Bolsonaro proibiu seus ministros de atender qualquer pedido do governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Segundo ele, quem “fizer graça” para o seu adversário político receberá “cartão vermelho”.
Segundo publicação do jornal Estado de S. Paulo, a ordem de Bolsonaro foi reforçada depois do início da vacinação contra a Covid-19 realizado por Doria, no último domingo (17), após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar o uso da CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.
A ameaça aos seus ministros acontece após o presidente se sentir ameaçado por Doria e pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM). “Não vão conseguir me derrubar”, disse Bolsonaro, em recente conversa com aliados, segundo informações do “Estado”.
Bolsonaro, que se posiciona desde o início da pandemia com uma postura negacionista e que chegou a proibir o governo federal de adquirir doses da vacina do Instituto Butantan, agora acusa Doria de fazer “jogo de marketing”, ao iniciar a vacinação contra o coronavírus.
A atuação conjunta de Doria e Maia para construir uma saída diplomática com a China e impedir que a vacinação contra o coronavírus seja interrompida por falta de matéria-prima aumentou a irritação de Bolsonaro.
Foi por ordem dele que o Ministério das Comunicações divulgou uma nota, na noite da última quarta-feira (20), para avisar que “o governo federal é o único interlocutor oficial com o governo chinês”.
Horas antes, após sair de uma reunião virtual com o embaixador chinês Yang Wanming, Maia afirmou que o governo precisava superar os conflitos com o país asiático. “É incrível como a questão ideológica para alguns prevalece sobre a intenção de salvar vidas”, disse o presidente da Câmara.
Na última quarta-feira (20), ao lançar um “vacinômetro” – ferramenta para acompanhar em tempo real o número de vacinados contra a Covid-19 no Estado –, Doria fez uma oferta que provocou mais raiva no Planalto.
“Se o Ministério da Saúde desejar, São Paulo cede, sem custo algum, toda a estrutura e formatação técnica (da plataforma digital)”, propôs o governador.