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Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, nesta segunda-feira, 6, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, criticou a gestão Bolsonaro no ministério. “Encontrei uma desestruturação de áreas essenciais. Mas também encontrei um clima positivo por parte de muitos servidores apostando numa melhoria”, explica.
Questionada sobre o que ela encontrou no Ministério da Saúde quando assumiu o comando e se haverá um “caça as bruxas” contra bolsonaristas, Trindade afirmou que não existe nenhuma perseguição e ideologia não é pré-requisito para entrar na área.
“Foram feitas nomeações secretários e diretores como se faz em todos os governos a partir de objetivos programáticos e capacidade técnica. Não há caça as bruxas. Se houver alguma situação, o Ministério tem a sua ouvidoria. Qualquer caso reportado a mim será prontamente avaliado”, afirma a convidada.
YANOMAMI
Sobre a crise humanitária no território Yanomami, Nísia disse que ela está ligada diretamente aos últimos quatro anos de governo. Ainda de acordo com a ministra, o cenário atual é “fruto de um descaso”.
“A situação que vivemos hoje é fruto de um descaso. Gosto de definir que o descaso é uma política também. O descaso mostra uma falta de visão de assistência necessária e compromisso constitucional que o Estado tem. Esse quadro mais grave está muito ligado aos últimos 4 anos de governo. Eu não tenho dúvida disso”, afirmou.
Os indígenas, principalmente da região de Roraima, passam, atualmente, por uma crise sanitária, com casos de malária, desnutrição grave e outras doenças. A presença de garimpos ilegais no território é apontado como a principal causa do quadro.
De acordo com a ministra, “a realidade dos yanomamis é de agravamento pelo garimpo ilegal, que se expandiu terrivelmente nos últimos anos, e que gerou uma desorganização do modo de vida […] É um quadro muito grave”, disse.
No entanto, apesar de apontar que a situação no território Yanomami não terá uma “solução plena de curto prazo”, Nísia Trindade disse que o Ministério da Saúde trabalha com ações emergenciais, como, por exemplo, a mobilização da Força Nacional do SUS (Sistema Único de Saúde) e o decreto de emergência sanitária por desassistência.
MAIS MÉDICOS
Sobre a volta do programa Mais Médicos no governo Lula, Nísia disse que a meta da Saúde é ter o “desenho” do programa e a realização da nova edição até março de 2023.
“Temos uma lei dos Mais Médicos–que vamos nos basear– mas o que vamos fazer é estudar formas de maior incentivo aos médicos formados no Brasil. Isso é uma prioridade […] Vamos trabalhar dentro do quadro de lei para garantir o provimento de médicos onde não há”, disse. “É um problema muito grave no Brasil”, completou.
A ministra afirmou que as medidas propostas por sua gestão no Ministerio só são possíveis graças à Proposta de Emenda à Constituição fura-teto, que garantiu “programas essenciais que haviam sofridos cortes no último governo”.
VACINAÇÃO
A ministra ainda falou sobre o plano do governo pra aumentar a taxa de vacinação.
“Nós temos uma tradição de 50 anos do programa de imunização. Já tivemos uma imunização do sarampo e da poliomielite de 90%, que é o que queremos chegar, e hoje não chegamos em 70%. Eu, junto com a minha equipe e com o presidente Lula, a ideia de um movimento nacional em favor da vacinação”, comentou ao Roda Viva , da TV Cultura.
“Também fizemos reunião junto com o Conselho de Secretários Estaduais para chegarmos a meta. O Ministério da Saúde é pouco para fazer tudo isso sem os governos estaduais e municipais. É preciso que tenha uma adesão de todos, inclusive dos meios da comunicação e da população”, acrescentou.
Ela explicou que o seu principal foco no mês de fevereiro é a vacinação de reforço da Covid-19. “Primeiro o reforço a rotina. Transformamos o programa nacional de vacinação em um departamento para ter mais força nessa atividade. Em fevereiro, vamos começar com a vacinação de reforço da Covid-19 com as pessoas mais vulneráveis, como idosos, indígenas, trabalhadores da saúde, quem tem comorbidade, enfim, pessoas com maiores riscos”, comentou.
Nísia assegurou que as crianças e adolescentes serão prioridade na vacinação, e que usará os meios de comunicação para conscientizar a sociedade para solucionar o problema da vacinação.
“A informação, a conscientização, a explicação e a sensibilidade ajudarão. Por isso vamos trazer de volta o Zé Gotinha”, completou.