Durante a audiência da comissão de acompanhamento da pandemia no Senado, nesta segunda-feira (15), o governador de São Paulo, João Doria, declarou que pretende trabalhar para que Bolsonaro “seja julgado por esse genocídio que está cometendo contra os brasileiros”.
“Não esperem de mim nenhuma condescendência com este governo criminoso de Jair Bolsonaro. Vou ajudar a levá-lo aos tribunais internacionais. Para que ele seja julgado por esse genocídio que está cometendo contra os brasileiros”, asseverou.
Segundo Doria, Bolsonaro deu exemplos lamentáveis de negacionismo desde o início da pandemia ao promover aglomerações, rejeitar as medidas preventivas e a ciência. “Investiu em cloroquina ao invés de investir em vacina”, destacou.
Doria destacou que o governo de São Paulo já havia iniciado a negociação com o laboratório chinês Sinovac para o desenvolvimento da vacina CoronaVac em abril de 2020 e que sabotagem de Bolsonaro impediu que a vacinação fosse iniciada antes.
“Em outubro nós já tínhamos aqui a vacina do Butantan, podíamos ter iniciado a imunização dos brasileiros em novembro do ano passado. Hoje já teríamos imunizado 40% da população brasileira e salvo milhares de vidas. Mas o negacionismo do presidente Jair Bolsonaro impediu”, alegou.
“Jair Bolsonaro vai ser condenado por tribunas internacionais, o que ele está promovendo no Brasil é genocídio está matando os brasileiros, é inacreditável isso. O sofrimento que vejo aqui em São Paulo. Amigos falecendo, pessoas próximas morrendo. Jovens com 18, 19, 20, 25 anos sendo hospitalizados em UTI. São Paulo tem a mais robusta estrutura hospitalar da América Latina, em hospitais públicos e privados. Já estamos chegando quase a 90% da ocupação de todos os leitos e rapidamente tendo uma necessidade de disponibilizar mais leitos. E o problema não é disponibilizar mais leitos: é não termos recursos humanos. Não há condição de formarmos profissionais para as ações em UTI. Estamos todos no Brasil vivendo um momento de profunda dificuldade e à beira de um colapso total”, sentenciou.
“Metade das mortes que hoje o Brasil contabiliza poderiam ter sido evitadas se não tivéssemos um governo negacionista. E que continua sendo negacionista”, ressaltou o governador paulista.
“Daqui a pouco vai faltar oxigênio, daqui a pouco vão faltar condições básicas para o País, que vive a sua maior tragédia, e temos um presidente que sorri, que anda de jet-ski, que come leitãozinho e despreza a vida. Pois eu desprezo Jair Bolsonaro e desprezo todos que, como ele, são negacionistas”, disse. “O que ele está promovendo no Brasil é um genocídio”, afirmou Doria.
Em dezembro do ano passado, o Tribunal Penal Internacional de Haia, na Holanda, acolheu denúncia apresentada pela Comissão Arns e pelo Coletivo de Advocacia em Direitos Humanos (CADHu) contra o chefe do Executivo, por incitar o genocídio e promover ataques sistemáticos contra os povos indígenas do Brasil. Ele é o primeiro presidente brasileiro a ter uma denúncia aprovada para análise pelo Escritório da Procuradora Chefe do TPI de Haia.
IMUNIZAÇÃO
O governador paulista também destacou que o Instituto Butantan, de São Paulo, completará a entrega de mais 5,3 milhões de doses da Coronavac ao Ministério da Saúde nos próximos dias e reforçou críticas ao governo federal. Segundo ele, em três dias, o Butantan entregará “mais vacinas para o Brasil do que todas as outras vacinas que o governo federal prometeu e pouco entregou”.
“Até agora, o Ministério da Saúde, que promete, promete, promete e promete, só disponibilizou 4 milhões de doses da vacina de Oxford e da vacina AstraZeneca para os brasileiros”, relembrou o governador paulista.
Doria também se solidarizou com governadores que, como ele próprio, enfrentaram manifestações em seus Estados contra as medidas adotadas para combater a disseminação da Covid-19. “Eu também, ontem, aqui, tive manifestações na porta da minha casa, xingamentos a mim, ameaças a mim, a minha esposa, aos meus filhos. Não foi a primeira vez, não será a última vez. Esse é o clima, infelizmente, que temos no país, e é o preço que nós, governadores, pagamos.”
Com relação às medidas do plano emergencial que entraram em vigor nesta segunda (15) no Estado de São Paulo, o governador anunciou uma força tarefa com a Polícia Militar, Polícia Civil, Procon, prefeituras municipais, vigilância sanitária e guardas metropolitanas, para coibir eventos, “seja até em cassino”, disse, em referência ao fechamento de dois estabelecimentos de jogos clandestinos no Estado.
“Um deles, até com pessoas que deviam dar o exemplo de conduta aos demais e deram exatamente o pior exemplo”, afirmou o governador, referindo-se ao jogador Gabriel Barbosa, o Gabigol, do Flamengo, encontrado em um dos flagrantes.
Veja a audiência na íntegra: