Osmar Terra perseguiu aposentados por invalidez quando era ministro
Jair Bolsonaro escolheu o deputado Osmar Terra (MDB) para ser o ministro da Cidadania, segundo informações divulgadas pela assessoria do governo de transição na tarde desta quarta-feira (28).
Ao anunciar Osmar Terra, ex-ministro do governo Michel Temer, como seu 18º ministro, Bolsonaro, que disse enfaticamente durante a campanha eleitoral que reduziria os atuais 29 ministérios para 15, já passou a admitir esta semana que o número de pastas em seu governo poderia chegar a 20.
O ministério da Cidadania, que será criado, aglutinará os ministérios Desenvolvimento Social, Esporte e Cultura. Segundo o futuro ministro, parte da Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (Senad), que cuida do tratamento de dependentes químicos, também será submetida à pasta do emedebista.
No governo de Michel Temer, Osmar Terra ocupou o cargo de ministro do Desenvolvimento Social e Agrário até deixar a Pasta para concorrer a um novo mandato na Câmara, em abril, pelo estado do Rio Grande do Sul. O Médico com mestrado em Neurociência é deputado federal desde 2001, e foi reeleito a mais um mandato em outubro.
Na pasta do Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra dedicou-se a promover uma perseguição aos aposentados por invalidez e nos auxílios-doença pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), com objetivo de reduzir ao máximo os benefícios e tirar direitos de quem mais precisa, a pretexto de economizar para o governo.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social, desde agosto de 2016, quando começou o arrocho nos benefícios, até outubro deste ano foram realizadas 1.124.789 perícias. Destas foram cortadas 552,1 mil beneficiários de auxílios-doença e aposentadorias por invalidez. E outros 73.722 mil por não comparecimento.
Entre os milhares de beneficiários que tiveram seus benefícios cortados está a assistente de importação, atualmente desempregada, Jozilaine Bezerra da Silva, de 55 anos, moradora de Vigário Geral, um bairro da Zona Norte do município do Rio de Janeiro (RJ), que sofre de gonartrose bilateral crônica nos joelho, tendo passado inclusive por cirurgia no joelho direito para colocação de uma placa para conter o desgaste ósseo. Segundo o INSS, Jozilaine está apta a voltar ao trabalho e indeferiu o pedido de renovação do auxílio-doença.
“Contei ao médico sobre toda minha dificuldade de locomoção, ele viu minha situação, meus exames, e expliquei que um outro laudo, que foi pedido em setembro, ficaria pronto logo. Mas ele não falou nada”, diz a segurada ao jornal o DIA, que teve acesso as laudos médicos que relatam o quadro da paciente de gonartrose bilateral crônica, que não tem cura. “Como vou trabalhar? Onde vou trabalhar? Ninguém me contrataria nessas condições, eu nem consigo subir um degrau”, lamentou Jozilaine.
Outro caso de corte de beneficio que repercutiu nos jornais foi o caso do morador de Itajaí (SC), o motorista de caminhão, Pedro Paulo Satiago, que teve uma das pernas amputadas, por consequência do diabetes. Em março deste ano o médico da perícia atestou que Pedro poderia voltar trabalhar. “É um descaso, eles pensam que agente está lá para pedir esmola”, disse o motorista.