O ex-governador do Ceará e ex-ministro da Fazenda, Ciro Gomes (PDT), que disputou a Presidência da República em 2018, não poupou o governo Bolsonaro com suas críticas.
Em entrevista ao site UOL, no domingo (13), ele afirmou que a crise econômica é gravíssima e que o ministro Paulo Guedes “não compreende o Brasil”. “Ele está tomando o caminho oposto do que é necessário fazer. Tivemos deflação, que é um sintoma de catatonia econômica”, alertou.
“Só em São Paulo, fechamos 2.235 indústrias de janeiro a setembro, e a Fiesp [Federação das Indústrias do Estado de SP] bate palma para a política econômica que está produzindo esse desastre”, afirmou o ex-governador. Ele previu que Bolsonaro não termina o mandato. “É um mero palpite”, garantiu o pedetista.
Para Ciro, é grave “Jair Bolsonaro confessar que acorda de madrugada chorando aos quatro meses de governo”. “O Bolsonaro é o presidente que mais rápida e profundamente erodiu seu capital político de origem”, comentou.
“Porque quando você ganha uma eleição no presidencialismo à brasileira, você não leva só os seus, você leva um imenso sentimento de cooperação de todo o mundo”, explicou Ciro.
O ex-ministro avaliou ainda a situação política do país e, apesar de ter um palpite de que Bolsonaro poderá deixar o governo, afirmou que o momento não é propício para um impedimento.
“Estamos reconstituindo um bastidor que estava perdido, pela radicalização odienta da burocracia corrompida do PT e desse bolsonarismo boçal que estão aí infernizando o debate, incitando paixões e ódios, impedindo a sociedade brasileira de trabalhar, de produzir”, denunciou.
Indagado sobre o impeachment de Dilma e seus desdobramentos, Ciro lembrou que lutou contra o impeachment. “Sei que [Dilma] é uma pessoa honrada e não cometeu nenhum crime de responsabilidade. Mas o governo da Dilma foi um dos piores da história do Brasil sob o ponto de vista de números. E o PT faz de conta que isso não aconteceu. (…) Então o que acontece? 20% do eleitorado perde a crença no sistema e vai para o rancor, para a raiva”, avalia o ex-governador.
Sobre o juiz Sérgio Moro, Ciro foi direto ao ponto e com contundência. “Moro é um politiqueiro ambicioso, corrupto, porque aceitou uma promessa de vantagem que, pelo Código Penal, é tipificado como corrupção passiva”, destacou. Ou não é corrupção passiva receber uma promessa, antes como juiz, que ia ser ministro do Supremo?”, indagou o vice-presidente nacional do PDT.
Sobre o processo de Lula, ele faz questão de dizer que defende o cumprimento da lei. “Defendo que a Lei seja cumprida, pouco importa o efeito dela. E a Lei é muito clara: um juiz não pode aconselhar parte. No caso do processo penal, o Ministério Público é parte”, afirmou o ex-governador.
Também em relação à afirmação, atribuída ao PT, de que “68% do eleitorado de São Paulo é fascista”, Ciro rebateu: “Tenha paciência!” “O Lula ganhou as eleições em São Paulo, muitas vezes”, lembrou o ex-governador.
E prosseguiu em sua avaliação política do momento: “Não tenho mais nenhum apreço político pelo Lula. Tenho um respeito e um carinho. Sinto dor por tudo o que tem acontecido. Mas o que me chama mais atenção é que não parece ter aprendido nada”, avaliou.
“O Lula se afirmou um Pelé. Depois de comovidamente ter jogado as cartas com o peso, a força, a liderança que ele tem, produziu Bolsonaro. Lula se considera tão Pelé, que acha que vai fazer um “dedaço” e eleger um poste eternamente”, afirmou.
“Essa petezada que tomou conta do país perdeu a noção. Além de se corromperem dramaticamente, eles perderam a noção e passam a fazer uma aposta na ignorância do povo. Apologia do culto à personalidade. E isso é um desastre para o Brasil”, disse Ciro Gomes.