O jornalista Ancelmo Gois informa, na quarta-feira (09), em sua coluna do Globo, que o governo decidiu trocar os nomes de termoelétricas da Petrobrás.
Personalidades da história brasileira, como Aureliano Chaves, Barbosa Lima Sobrinho, Euzébio Rocha, Celso Furtado, Mario Lago, Jesus Soares Pereira, Rômulo Almeida, Leonel Brizola e Luis Carlos Prestes, que foram homenageados com o batismo de seus nomes nas usinas, tiveram os nomes retirados das usinas por decisão do fanatismo bolsonariano.
O pretexto para o obscurantismo revanchista foi de que são nomes que representariam a “esquerda”. Até mesmo o índio Sepé Tiarajú (1723-1756), que morreu durante a batalha em que tentava proteger 30 mil índios de uma remoção feita pelo exército unificado dos reinos de Portugal e Espanha, e cujo processo de canonização corre no Vaticano, não escapou da perseguição das falanges de Bolsonaro. Certamente, para os bolsonaristas, todos eles, e inclusive o índio do século XVIII, não passam de perigosos “comunistas”.
A direção da empresa, que, por decisão do governo, pretende privatizar 15 das 26 termoelétricas, apresentou também, segundo Gois, um outro pretexto, o de que a Aneel, no último dia 25, autorizou a mudança “para facilitar o registro dos nomes no INPI”. No total foram alterados os nomes de 11 de suas usinas termoelétricas (UTE), que tinham sido batizadas com nomes de personalidades, quase todas formadas por pessoas que deram grande contribuição ao país, progressistas, nacionalistas e homens de esquerda.
Se dependesse de Bolsonaro e seus fanáticos seguidores, os nomes que eles escolheriam para homenagear, seriam os de ratos torturadores como Brilhante Ustra, Burnier e outros assassinos, ou de dedos duros como Cabo Ancelmo, ou ainda de imbecis como Olavo de Carvalho. Cada um homenageia quem pode.
Se fosse mais para trás no tempo, certamente Bolsonaro acharia um jeito de venerar Silvério dos Reis e Calabar. Como dizia o herói da guerra anti-fascista, Brigadeiro Rui Moreira Lima, integrante da FEB (Força Expedicionária Brasileira), em documentário de Sílvio Tendler sobre a ditadura, “para essa gente, quem não pensa como eles, quem não é fanático como eles, necessariamente só pode ser comunista”.