Jair Bolsonaro discursou para apoiadores após motociata em Caruaru (PE) e chantageou os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), dizendo que se não mudarem sua atuação “a tendência é acontecer uma ruptura”.
Como lobo em pele de cordeiro, Bolsonaro falou que “não quer” e nem “deseja” uma ruptura, “mas a responsabilidade cabe a cada Poder”. “E eu apelo a este outro poder [o legislativo] que reveja a ação dessa pessoa que está prejudicando o destino do Brasil”, completou.
Jair Bolsonaro se referiu, mesmo sem citá-lo, ao ministro Alexandre de Moraes, que é relator do inquérito das fake news e dos ataques à democracia.
“Não podemos admitir que um ou dois homens ameacem a nossa democracia ou a nossa liberdade”, continuou. Bolsonaro não está preocupado com um ou dois ministros. Ele odeia é o STF inteiro, porque o tribunal é que impede os seus crimes. Por isso, ele e seus apoiadores falam sempre em fechar o STF.
Segundo Bolsonaro, seu governo tem cumprido totalmente o que manda a Constituição, e isso “não pode ser diferente” no STF. Onde a Constituição manda ameaçar, coagir e chantagear o STF, o TSE, o Congresso ele não mostra.
“Se lá tem alguém que ousa continuar agindo fora das quatro linhas da Constituição, aquele Poder tem que chamar essa pessoa e enquadrá-la. E lembrá-lo que ele fez um juramento de cumprir a Constituição”, disse, confirmando que seu rancor é com o STF inteiro.
Bolsonaro almeja uma ditadura onde não haja STF, Congresso, polícia ou qualquer instituição democrática que defenda o cidadão e impeça seus crimes.
Ele ataca Alexandre de Moraes porque o ministro instalou inquéritos contra suas milícias digitais e mandou prender delinquentes que agrediram o STF, como o deputado bolsonarista Daniel Silveira.
Bolsonaro também investe violentamente contra Luís Roberto Barroso porque o ministro e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desmascarou e impediu suas mentiras contra a urna eletrônica.
O que Bolsonaro quer é dar golpe contra a democracia e deixou claro isso ao convocar a manifestação de 7 de Setembro para fechar o STF e o Congresso.
Na terça-feira, 7 de setembro, Jair Bolsonaro disse que participará das manifestações em Brasília, pela manhã, em São Paulo, à tarde, nas quais serão defendidas as teses golpistas contra o Congresso Nacional e o STF.
Sabendo do caráter golpista e antidemocrático dos atos bolsonaristas do dia 7 de Setembro, movimentos sociais, entidades de classes e movimentos religiosos têm recomendado que as pessoas não participem da manifestação golpista.
O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), arcebispo dom Walmor Oliveira de Azevedo, divulgou um discurso pedindo aos brasileiros que “não se deixem convencer por quem agride os Poderes Legislativo e Judiciário”.
“Independentemente de suas convicções político-partidárias, não aceite agressões às instituições que sustentam a democracia. Agredir, eliminar, hostilizar ou excluir são ideias que não combinam com a democracia”. Ver CNBB na Semana da Pátria reprova “quem agride a democracia e os Poderes Legislativo e Judiciário”.
Um grupo de Igrejas Batistas que participam do Movimento Batista por Princípios publicou uma nota falando que as manifestações chamadas por Jair Bolsonaro na verdade são uma “astuta tentativa do atual governo de provocar rupturas institucionais e criar ambiente favorável e instalação de um governo autoritário e personalista”. Ver Igrejas Batistas orientam fiéis a não irem à manifestação golpista de 7 de setembro.
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