Jair Bolsonaro voltou a atacar estudantes e professores no mesmo dia em que mais de um milhão de jovens foram às ruas em todo o Brasil protestar contra os cortes de verbas da Educação. Ele já tinha dito, no último dia 15, que os estudantes eram “uns idiotas úteis, imbecis”. Agora, em entrevista no SBT, volta a destilar seu ódio pela educação.
“O certo é falar inocentes úteis”, insistiu. “A grande maioria da garotada presente não sabia o que estava fazendo ali, diferente dessa última manifestação pedindo agilidade ao Parlamento”, disse ele, comparando os protestos dos estudantes com as fracas manifestações de apoio ao governo, realizadas no último domingo (26).
“Uma minoria de professores espertalhões usa a garotada em causa própria tentando sempre desestabilizar o governo”, insistiu Bolsonaro, mostrando desprezo pelos professores brasileiros e desrespeito à consciência dos estudantes.
A entrevista foi na mesma direção do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que ameaçou professores e pais de alunos na quinta-feira (30) na tentativa frustrada de impedir os protestos. Disse que professores coagiram alunos a participarem dos atos.
O resultado desses ataques, tanto de Bolsonaro quanto de Weintraub, aos professores, pesquisadores e estudantes, é que o Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação civil pública na Justiça Federal do Rio Grande do Norte, pedindo a condenação do ministro Abraham Weintraub e da União ao pagamento de indenização no valor de R$ 5 milhões por danos morais coletivos.
A ação foi motivada pelas condutas adotadas por Weintraub desde que assumiu a pasta em abril, caracterizadas por falas ofensivas a alunos e professores. Segundo o MPF, os danos morais coletivos foram causados à honra e à imagem de alunos e professores das universidades federais através de declarações públicas do ministro. Ele ameaçou cortar verbas das universidades que estivessem “fazendo balbúrdia”.
“Tais declarações ofendem a honra objetiva e a imagem pública dos estudantes e professores universitários das instituições públicas federais de ensino superior brasileiras, pois tem potencial discriminador, não estando protegidos pela liberdade de expressão, ao passar a imagem de que tais pessoas não levam a sério as atividades de ensino, pesquisa extensão, sendo pessoas baderneiras ou desocupadas”, diz a ação. Parlamentares e partidos políticos também anunciaram que vão entrar na Justiça contra o ministro.
Esperava-se que Bolsonaro falasse alguma coisa na entrevista sobre as acusações que pesam sobre seu filho o senador Flávio Bolsonaro, investigado por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa, quando era deputado estadual no Rio de Janeiro. O presidente não disse nada a respeito.
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) detectou movimentações financeiras suspeitas na conta do parlamentar e de seu motorista Fabrício Queiroz. A Justiça já autorizou a quebra do sigilo bancário e fiscal dos dois e de mais 94 pessoas.
Depois que o Coaf, fez este relatório, Bolsonaro passou a defender que o órgão saia da pasta de Sérgio Moro e vá para a pasta de Paulo Guedes. Ao mesmo tempo ele começou a atacar o conselho.
Em entrevista à Band, na quinta-feira passada (23), Bolsonaro deu mostras do que pretende fazer com o Coaf nas mãos de Guedes. “O Coaf tem que ter suas limitações. Não pode vazar como vem… (…) O ano passado vazou muita coisa ao arrepio da lei. O Coaf é um órgão de assessoramento não é de investigação de nada”, salientou Bolsonaro.
Sem a menor condição de conviver com uma imprensa séria, Bolsonaro anunciou que vai extinguir a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), estatal que unificou a programação da TV Brasil e da NBR.
“A EBC como um todo é um grande peso para todos nós. Mesmo sendo privatizada ou extinta, vai continuar pesando devido à quantidade enorme de mais de 2 mil funcionários concursados”, declarou.