Em debate promovido pelos Institutos Presidente João Goulart e Lula sobre o golpe de 64, o governador do Maranhão afirmou que, contra João Goulart, os golpistas rasgaram a Constituição, cassaram e agrediram a forma federativa do país
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), e a desembargadora Kenarik Boujikian debateram o golpe de 1964 e as ameaças de Bolsonaro à democracia, em uma live organizada pelos Institutos Lula e Presidente João Goulart.
Flávio Dino afirmou que Bolsonaro “lavou suas mãos e sabotou ações contra o coronavírus”, ao falar da relação entre os golpistas de 64 e a forma autoritária de governar do capitão cloroquina, que elogia a ditadura e os torturadores.
O ex-deputado João Vicente Goulart, presidente do Instituto João Goulart, disse que é preciso esclarecer “ao Brasil e aos jovens brasileiros o que foi a ditadura” para que “aqueles que pretendem posar de ditadores não tenham mais essa oportunidade”.
“O golpe de 1964, ao contrário do que diz o novo ministro da Defesa [Braga Netto], de que foi em defesa da Democracia, foi um golpe contra a democracia. Trouxe ao Brasil 21 anos de escuridão, de ditadura, de perseguições, de torturas”, sentenciou.
O presidente do Instituto Lula, Márcio Pochmann, disse que sob o governo Bolsonaro, não podemos ficar “imunes ao questionamento à democracia”.
Flávio Dino disse que os golpistas de 1964 rasgaram as cláusulas pétreas da Constituição para impedir as reformas de base anunciadas por João Goulart.
“Acabaram com a separação de poderes, quando cassaram deputados e ministros do STF, acabaram com a forma federativa, principalmente depois de perderem eleições nos Estados, e acabaram com o voto direto”, acrescentou.
O governador do Maranhão disse que é preciso fazer com que “as ambições abstratas da Constituição entrem na vida do povo”, principalmente durante a pandemia.
Ele defendeu que o foco deve ser o combate à pandemia, o auxílio emergencial para acabar com a fome e trabalho “para darmos humanidade à democracia, para que ela não seja adereço”.
Para Dino, Bolsonaro sempre anunciou que não tinha apreço à vida e ao Brasil. “Bolsonaro sempre foi isto, não dá para esperar outra coisa dele. O que me impressiona é que semana a semana ele vai se superando na execução de um programa de destruição do Brasil, de subalternização das instituições. Ele tenta colocar as polícias contra os governadores, não é de hoje”.
A desembargadora Kenarik Boujikian, ex-presidente da Associação dos Juízes pela Democracia, disse que a ditadura foi uma “fase triste de nossa história”, pois foi instaurado “um regime absolutamente autoritário e violento, que ceifou vidas e tirou direitos”.
Kenarik contou que a ditadura fez um esforço para cooptar o Supremo Tribunal Federal (STF) e, para isso, aumentou arbitrariamente a quantidade de ministros e cassou aqueles que se opunham ao autoritarismo. Alguns dos ministros deixaram seus cargos em solidariedade aos cassados. A desembargadora disse que os esses ministros “honraram o país”.