“Isso é mais um dos crimes de responsabilidade do presidente. É motivo mais que suficiente também para que o diretor-geral da ABIN, Alexandre Ramagem, e o ministro-chefe do GSI, Augusto Heleno, fossem sumariamente destituídos”, argumenta o professor
MAMEDE SAID MAIA (*)
O escândalo dando conta de que a ABIN elaborou, de forma sorrateira e clandestina, relatórios com instruções para orientar a defesa de Flávio Bolsonaro seria motivo mais que suficiente para que o diretor-geral da ABIN, Alexandre Ramagem, e o ministro-chefe do GSI, Augusto Heleno, fossem sumariamente destituídos.
E para que passassem a responder, na esfera penal e administrativa, por utilizar o órgão de inteligência de Estado para acoitar os desmandos da família presidencial.
Digo “seria” porque não será. Afinal, o maior beneficiário da confusão entre o público e o privado é precisamente Jair Bolsonaro – que utiliza descaradamente o aparato estatal para proteger a si e aos filhos das denúncias que se acumulam sem que sua conduta e os crimes de responsabilidade que pratica sejam levados a julgamento.
Bolsonaro degenera a olhos vistos. Sua atuação é contestada pela imprensa, pelo STF, pelo Congresso, pelos cientistas, pelas pessoas lúcidas que rechaçam sua desfaçatez e despreparo. Irá cair de podre, tão logo a consciência da sociedade civil amadureça e conclua que o Brasil merece um Presidente que se coloque à altura do cargo que ocupa.
(*) Professor de Direito da UNB