Bolsonaro voltou a agredir e insultar uma jornalista durante a inauguração de um centro de tecnologia na sexta-feira, 25, em Sorocaba, após ser questionado sobre a compra fraudulenta da vacina Covaxin pelo governo federal.
A vítima da vez foi a repórter da rádio CBN, Victória Abel.
“Para de fazer perguntas idiotas, pelo amor de Deus”, disse à repórter. “Foi comprada uma ampola sequer da vacina? Responda você, responda! Foi comprada? Não consumou o ato. Se é para você me julgar pelo que outros pensam, imagina o que posso pensar de você?”, disse à repórter.
O contrato de compra de 20 milhões de doses da Covaxin, no valor de R$ 1,6 bilhão, é alvo de investigação do Ministério Público Federal e também da CPI da Covid.
O preço unitário da dose foi fechado em US$ 15, quando, seis meses antes, havia sido estimado em US$ 1,34.
Bolsonaro alegou que o contrato passaria pela Anvisa e ainda seria revisado. “Vocês querem imputar em mim um crime de corrupção em que não foi gasto um centavo? Dá para vocês me elogiarem por dois anos e meio sem corrupção?”, disse.
O negócio não foi à frente, não por causa do governo Bolsonaro, mas graças ao servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, que denunciou a transação nebulosa. O servidor e seu irmão deputado federal Luis Cláudio Miranda (DEM-DF), procuraram Bolsonaro para denunciar as irregularidades no dia 20 de março.
Bolsonaro prometeu acionar a Polícia Federal para investigar, mas não o fez e ainda tenta desacreditar os denunciantes, como revelaram Luis Miranda e Luis Ricardo em depoimento na CPI na sexta-feira (25).
Quando a mesma jornalista questionou mais uma vez sobre a vacina, Bolsonaro disse que ela tinha de voltar para a faculdade. “Faculdade não, volta para o ensino primário”, disse.
Mais adiante, ele voltou a se exaltar com a jornalista, que o questionou sobre a negociação para a compra da vacina. “Você de novo? Volte para o jardim de infância, você. Foi empenhado o valor em fevereiro. Onde é que tem vacina para ser comprada aqui? Deixa de fazer pergunta idiota pelo amor de Deus”, afirmou.
Em nota, a CBN repudiou a agressão de Bolsonaro à repórter Victória Abel. “Não foi à repórter que faltou educação nesse episódio. A CBN se solidariza com Victória Abel, que, assim como todos os nossos jornalistas, continuará a fazer seu trabalho para informar os brasileiros”.
Na segunda-feira (21), ele agrediu a repórter Laurene Santos, da TV Vanguarda, afiliada da Rede Globo no Vale do Paraíba.
O caso aconteceu após cerimônia de formatura da Escola de Especialistas de Aeronáutica, em Guaratinguetá (SP). Bolsonaro se irritou ao ser questionado pela imprensa por que chegou sem máscara e sobre ter sido multado pelo governo de São Paulo pela ausência de proteção durante uma manifestação na capital paulista.
Ele tirou a máscara novamente e mandou a repórter “calar a boca”, recusando-se a respondê-la.