Assim como fez Trump quando viu que ia perder eleição, o capitão cloroquina prepara terreno para aventuras golpistas
Depois do vexame de não apresentar nenhuma prova de fraude, em sua live de quinta-feira (29), Bolsonaro voltou a ameaçar as eleições de 2022. Desta vez foi em discurso transmitido por telefone para um grupo de apoiadores que se reuniu em Brasília para pedir o voto impresso. Ele afirmou que “sem eleições limpas e democráticas, não haverá eleição”.
Sendo que, só haverá eleições limpas, segundo o fascista, se ele for o vitorioso. Como as pesquisas já o colocam perdendo para quase todos os adversários, a ideia é tumultuar o pleito para permanecer no poder. Essa cruzada contra as eleições por parte de Bolsonaro está sendo vista como uma tentativa de melar as eleições do ano que vem.
Além do tumulto, Bolsonaro quer também desviar a atenção do país do desastre provocado por ele na pandemia e para tentar abafar os trabalhos da CPI que investiga os escândalos de corrupção envolvendo o seu governo.
Nesta semana, com o fim do recesso parlamentar, voltam os trabalhos da CPI que investiga a sabotagem do governo federal à aquisição de vacinas para a Covid-19 – que causou a morte evitável de centenas de milhares de pessoas – e as denúncias de propinas no contrato de compra da vacina indiana Covaxin. A CPI já tem provas de que houve corrupção nesses contratos e que Bolsonaro cometeu crime de prevaricação, quando soube dos ilícitos e não tomou providências legais para impedi-los.
Ministros do Supremo e parlamentares consideram criminosas as ameaças de Bolsonaro às eleições e querem medidas legais contra esses ataques ao voto popular. Mais cedo, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) usou as redes sociais para dizer que os votos no Brasil “já são impressos”. Na publicação, o órgão do Judiciário afirma que qualquer eleitor pode fazer a contagem de votos por conta própria, por meio do boletim de urna que é afixado em todas as salas de votação.
Na live da quinta-feira (29), ele disse que apresentaria provas de que as eleições com urnas eletrônicas teriam sido fraudadas. Não apresentou nada. Ele apenas reproduziu vídeos antigos que já tinham sido desmentidos pela Polícia Federal e pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No vídeo ele ainda disse que colocaria um milhão de pessoas nas ruas neste domingo para pedir o voto impresso. Como vimos, neste domingo não aconteceu nada disso.
De fato em algumas capitais do país houve mobilizações pelo voto impresso. Na praia de Copacabana, na esplanada dos Ministérios, em Brasília, e na Avenida Paulista, em São Paulo. Também em Belo Horizonte, Salvador, Goiânia e Belém foram vistas pessoas se mobilizando e pedindo o voto impresso, mas, realmente, nada, nem de longe, parecido com o que Bolsonaro esperava e anunciou.
Na live de quinta-feira, ele havia dito: “Eu tenho certeza, se eu pedir ao povo no dia tal, comparecer na Paulista, em São Paulo (…), vai comparecer 1 milhão de pessoas lá”.
Não compareceram. A manifestação ocupou apenas duas quadras da Avenida Paulista. Menores foram as outras manifestações em outras cidades.
Na mensagem em Brasília, Bolsonaro reclamou das dificuldades para aprovar o projeto. Disse que o ministro Luiz Roberto Barroso, presidente do TSE, atuou na Câmara dos Deputados, onde tramita o projeto contra sua aprovação. Ele disse que a maioria da Câmara dos Deputados é a favor do voto impresso. Segundo ele, há uma “minoria” que busca barrar o voto impresso e que foi escolhida por líderes depois de uma reunião com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso.
Não há nem mesmo originalidade nessa nova empreitada de Bolsonaro contra as eleições. Ele repete a mesma encenação dantesca feita por Donald Trump quando este percebeu que perderia a eleição presidencial americana.
O “herói” de Bolsonaro ficou lançando dúvidas sobre a lisura do pleito e açulando suas milícias na direção de um golpe. Perdida a eleição, não deu outra, ele conclamou pela invasão do Capitólio, o parlamento americano. Não adiantou nada. Ele saiu da Casa Branca com o rabo entre as pernas. Nas pesquisas, Bolsonaro já perde de quase todos os adversários. Por isso, imita Trump, ataca as urnas eletrônicas e ameaça as eleições. Vai ter o mesmo destino do guru.