Bolsonaro voltou atrás da promessa de reajuste salarial a policiais que havia feito em dezembro e afirmou, na quarta-feira (19), que o reajuste está suspenso.
“Há uma grita de maneira geral, porque a intenção inicial foi essa, sim, reservar algum reajuste para policiais federais, policiais rodoviários federais e o pessoal do Depen. Então, isso está suspenso. Estamos aguardando o desenlace das ações”, disse, admitindo que sua intenção de privilegiar apenas uma categoria, enquanto 90% dos servidores federais também reivindicam reajuste salarial, foi um tiro que saiu pela culatra.
A atitude de Bolsonaro acabou desencadeando uma manifestação sem precedentes de diversos setores do funcionalismo público, que embora não sejam de maneira nenhuma contrários ao reajuste para as carreiras de segurança pública, querem o mesmo tratamento.
Como afirmou recentemente o presidente do Fórum Nacional Permanente das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), Rudinei Marques, entidade que agrega 37 sindicatos de diferentes carreiras de Estado: “o reajuste para os policiais é necessário, como para as demais categorias do funcionalismo, a fim de recompor perdas que já somam 27,2% pelo IPCA de 2017 até aqui”, disse.
A proposta orçamentária deste ano, após empenho pessoal de Bolsonaro, reservou R$ 1,79 bilhão de recursos para aumento às forças policiais, mas na entrevista à Jovem Pan News, na quarta, ele disse que conversou com “o pessoal” para um reajuste em 2023.
Assim que o movimento do conjunto dos servidores ganhou força, atingindo, inclusive, o funcionamento de órgãos como a Receita Federal, o Carf e o Banco Central, membros da equipe do governo e o próprio Bolsonaro começaram a sinalizar que o reajuste para os policiais poderia não sair, e que não teria aumento para ninguém.
Quando as notícias foram divulgadas, sindicatos e associações das carreiras policiais imediatamente reagiram, afirmando que o não cumprimento da promessa representaria “traição” do presidente.
“Caso o governo volte atrás e desista dessa reestruturação, a categoria poderá sentir isso como uma traição por parte do governo”, afirmou o presidente da Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (Fenaprf), Dovercino Neto, no início de janeiro.
Lideranças da categoria também afirmaram que milhares de policiais poderão ir às ruas protestar pela “falta de compromisso” do presidente.
Bolsonaro, que agora está com uma batata quente nas mãos, tem até sexta-feira (21/1) para sancionar o texto da proposta orçamentária.