O Dia da Consciência Negra foi comemorado em todos os estados do Brasil. No Rio, mesmo com chuva, manifestações culturais, organizadas por ativistas do movimento negro, grupos religiosos, capoeiristas, artistas e cantores, se espalharam pela cidade para celebrar o 20 de novembro. A programação teve inicio no Monumento em homenagem a Zumbi dos Palmares, no Centro da cidade, na manhã da terça-feira, com roda de capoeira, queima de fogos, lavagem do busto de Zumbi por baianas e a apresentação dos grupos Afoxé Filhos de Gandhi e o Bloco Barra Vento. O evento foi realizado pelo Conselho Estadual dos Direitos do Negro (Cedine).
“Hoje, nós celebramos todo nosso axé, resistência e força de combate ao racismo, intolerância religiosa e qualquer forma de perseguição. A nossa reversão contra o racismo é o amor e a nossa união”, disse o presidente do Cedine, Luis Eduardo Negrogun.
Por volta das 11h, o cortejo em homenagem à Tia Ciata trouxe uma escultura de Tia Ciata acompanhada por dançarinos, tocadores e diversos artistas na direção da estátua de Zumbi celebrando a Pequena África, a sua história, cultura e fé. Tia Ciata, Hilária Batista de Almeida, além de ser um ícone da resistência e da luta da cultura negra é considerada por muitos a mãe do samba carioca.
O quintal de Tia Ciata, localizado no centro carioca, era reduto do samba no inicio do século XX. Foi na casa de Tia Ciata que Donga compôs Pelo Telefone, primeiro samba a ser registrado oficialmente e gravado na história do país. O cortejo em homenagem a Tia Ciata já ocorre há quatro anos na cidade maravilhosa e é um dos eventos mais aguardados no Dia da Consciência Negra.
Os festejos se estenderam durante toda tarde de terça no centro da cidade com shows de Samba e outros estilos musicais.
Em Madureira, o feriado foi marcado por rodas de samba e de jongo, com a bateria do Império Serrano, além de palestras e exposições de moda, culinária, artesanato e até uma barbearia montada no evento. As atividades foram organizadas pelo Projeto Criolice.
“Além das rodas de samba, queremos promover trabalho para os expositores. Hoje, estamos com 16 expositores mostrando seus respectivos artesanatos e comidas”, disse Vander de Araujo, um dos organizadores do projeto.
SERRA DA BARRIGA
Milhares de pessoas subiram a Serra da Barriga no município de União dos Palmares, no estado de Alagoas, na manhã desta terça-feira (20), para homenagear Zumbi dos Palmares. As festividades para homenagear o Dia da Consciência Negra tiveram início ainda de madrugada e seguiram durante o resto do dia. “É uma data em que celebramos a liberdade de um povo que sofreu com a escravidão, mas também temos que celebrar porque ela foi simbólica para toda a humanidade. Zumbi tornou-se símbolo de toda e qualquer luta contra a escravidão, de
resistência”, disse Mãe Neide, que é idealizadora de um projeto social que oferece oportunidades de trabalho a jovens de União dos Palmares.
SÃO PAULO
Em São Paulo foi realizada a 15ª Marcha da Consciência Negra, que teve inicio no Vão do Masp, na Av. paulista, e seguiu em direção ao Teatro Municipal no centro da capital paulista. O ato, que contou com mais de 3 mil pessoas, repudiava o racismo, o fascismo, defendia a Democracia. Leia mais: Marcha homenageia Zumbi e repudia o fascismo. Em Sorocaba foi realizado um ato ecumênico religioso na igreja João de Camargo, uma marcha da Avenida Barão de Tatuí até à praça Frei Baraúna, apresentações artísticas e feira com produtos de inspiração africana. “Ter consciência e atitude, este é o único caminho do negro”, disse o ativista Bernardino Antonio Francisco, presidente do Conselho da Sociedade Cultural.
SALVADOR
No Centro de Salvador, Bahia, começou por volta das 16h a 39ª Caminhada da Consciência Negra Zumbi dos Palmares. O ato contou com uma multidão de pessoas que saiu do Largo do Campo Grande e percorreu vários pontos da cidade. Entre os homenageados da caminhada estão o Mestre Moa do Katendê, capoeirista assassinado este ano em Salvador por um partidário de Jair Bolsonaro que discordava de suas opiniões, e Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro, brutalmente assassinada junto com seu motorista em março deste ano por combater milícias nas favelas.
ANTONIO ROSA