Myrna nasceu em Balneário Camboriú (SC), era muito estudiosa e sonhava em ser a aluna de melhor prestígio do Líbano
Mais uma vítima brasileira morreu sob as bombas que Benjamin Netanyahu está despejando sobre a população civil do Líbano.
Myrna Raef Nasser, de 16 anos, estava em casa junto com o pai quando a ditadura israelense bombardeou o local. Os dois morreram nos escombros das explosões. Myrna planejava voltar ao Brasil para visitar a família ainda este ano, segundo o tio da jovem, Ali Bu Khaled.
Myrna Raef Nasser tinha pouco mais de um ano no Líbano quando deixou o Brasil. Ela nasceu em Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina, mas se mudou para o Líbano com a família ainda muito nova. A jovem morava com o pai, que também foi vítima do bombardeio, a mãe e três irmãos. A família vive na cidade de Kelya, no Vale do Beqaa, a 30 quilômetros de Beirute.
Myrna era muito estudiosa e sonhava em ser a aluna de melhor prestígio do Líbano. O tio lembra com orgulho que ela também era muito apegada ao pai. “Tanto é que quando eles foram voltar para casa para buscar as roupas, ele avisou para ela esperar do lado de fora, mas ela insistiu em entrar na casa com ele, pensando que se acontecesse alguma coisa, queria estar perto o pai. Morreu ao lado dele”, lamentou Khaled.
Um vídeo que circula na internet mostra o momento em que a casa da brasileira é bombardeada no Líbano. A jovem e o pai dela, Raef Nasser, de 46 anos, morreram no local. Na gravação, é possível ver o momento em que a casa é atingida em um ataque aéreo. Uma foto também mostra o antes e depois do local. Nas imagens, é possível perceber que o imóvel foi totalmente destruído após o bombardeio.
A primeira explosão é seguida de várias outras. Em sequência, bombas atingem o terreno onde ficava a casa. “Não sobrou nada”, lamentou o tio da jovem, Ali Bu Khaled. “O ataque aconteceu na hora que eles [pai e filha] entraram em casa. Iam buscar umas roupas”, acrescentou o tio.
Ele ainda vive no Brasil e contou que soube que a casa do seu irmão havia sido bombardeada na segunda-feira (23). “A minha família me ligou, mas os socorristas não conseguiam acessar os escombros naquele momento”, disse. Após a morte de pai e filha, a mãe de Myrna os irmãos estão morando em Beirute. “Perderam tudo. Estão vivendo na capital com outras irmãs”.
Os corpos de Raef Nasser, de 46 anos, pai de Myrna, e o dela, só foram encontrados na terça-feira (24). Eles ainda não foram enterrados porque, segundo o tio, a região onde eles moravam está inacessível. Na última segunda-feira (23), o Itamaraty disse ter enviado instruções para a Embaixada do Brasil no Líbano para ser iniciado um processo de consulta com os brasileiros que vivem no país. O objetivo seria saber se o grupo quer ajuda do Estado para ser repatriado ou não.
O mundo inteiro está condenando o morticínio praticado por Netanyahu, primeiro em Gaza e Cisjordânia, e agora no Líbano. O presidente da Turquia, Recep Erdogan, afirmou da tribuna da Assembleia Geral da ONU que “assim como Hitler foi detido pela aliança da humanidade há 70 anos, Netanyahu e sua rede de assassinos devem ser detidos pela aliança da humanidade”.
O presidente Lula já havia criticado os ataques de Israel no Líbano durante o discurso na ONU. Agora, com a morte de dois brasileiros, o repúdio ao regime de Israel aumentou. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, aproveitou seu discurso na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, para alertar que “o Líbano não pode ser a nova Faixa de Gaza”.