Um estudo clínico final sobre a CoronaVac divulgado no último domingo (11) mostra que a eficácia da vacina é maior do que nos resultados iniciais divulgados entre dezembro e janeiro. O estudo foi feito pelo Instituto Butantan, que produz a vacina em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac.
Segundo artigo científico encaminhado para revisão e publicação na revista científica Lancet, a eficácia para casos sintomáticos de Covid-19 atingiu 50,7%, ante os 50,38% informados inicialmente. Ou seja, a vacina reduz pela metade os novos registros de contaminação em uma população vacinada.
“Esse estudo corrobora o que já havíamos anunciado há cerca de três meses e nos dá ainda mais segurança sobre a efetiva proteção que a vacina do Butantan proporciona. Não resta nenhuma sombra de dúvida sobre a qualidade do imunizante”, considerou Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan.
Desde 17 de janeiro o governo de São Paulo já distribuiu 39,2 milhões de doses da vacina aos brasileiros. Até 30 de agosto, o número deve chegar a 100 milhões de vacinas.
O estudo aponta ainda que a eficácia da CoronaVac pode chegar a 62,3% com um intervalo de mais de 21 dias entre as duas doses da vacina. E aponta que a eficácia mínima da vacina já aparece na segunda semana depois da primeira dose.
O índice de eficácia global aponta a capacidade do imunizante de proteger em todos os casos – sejam eles leves, moderados ou graves. O número mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e também pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é de 50%.
Os resultados também apontaram que para os casos que requerem assistência médica a eficácia da vacina variou entre 83,7% e 100%, quando o estudo preliminar que subsidiou a autorização do uso emergencial do imunizante no país indicava entre 78% e 100%.
Na prática, os resultados significam que a CoronaVac tem potencial de reduzir pela metade (50,7%) os novos registros de contaminação em uma população vacinada e reduzir a maioria (83,7%) dos casos leves que exigem algum cuidado médico.
Participaram do estudo, realizado entre 21 de julho e 16 de dezembro de 2020, 12.396 participantes, todos voluntários, em 16 centros de pesquisa brasileiros. Todos receberam ao menos uma dose da vacina ou placebo. Desse total, houve 9.823 participantes receberam as duas doses. Nenhum dos voluntários morreu por Covid-19 durante o estudo.
Variantes do Brasil
O estudo mostra ainda que a CoronaVac se revelou eficaz na proteção contra as variantes brasileiras P1 e P2 do vírus Sars-Cov-2, por se tratar de uma vacina feita a partir do vírus inativado.
Segundo Ricardo Palácios, diretor de pesquisa clínica e coordenador do estudo final da fase 3 da vacina, a CoronaVac atua com as variantes P1 e P2 do mesmo modo que atua com a variante clássica. “O que nós esperávamos é que está sendo uma vacina de vírus completo inativado, ela tinha uma maior resistência a perdas de neutralização perante às variantes e isso foi confirmado pelos dados laboratoriais, efetivamente tanto a cepa P1 como a P2 elas são neutralizadas de forma análoga a como é a variante clássica”, diz Palácios.
Ele explica como chegaram à conclusão. “Foram realizados estudos de neutralização nos quais faz um cultivo do vírus em um conjunto de células. Esse vírus, ele começa a causar dano e se coloca em diluições do soro das pessoas vacinadas. Esse soro tem os anticorpos, o dano da célula é detido, não acontece. Então, dessa forma, sabemos que o vírus foi neutralizado. E esses testes de laboratórios foram realizado em laboratórios de biossegurança 3, em conjunto com colegas do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo”, completou.