“A situação passou de todos os limites”, afirma o líder caminhoneiro Wallace Landin, o Chorão, ao falar sobre a alta dos preços do combustível que vem emparedando a categoria, pois muitos já nem conseguem trabalhar.
Chorão, que é presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), está convocando uma reunião para domingo com outras lideranças para discutir uma possível greve nacional.
Com o anúncio feito na segunda-feira (9) de mais um reajuste no preço do diesel, que no governo Bolsonaro já acumula uma alta de 96% nos postos, e as recentes falas do governo de que pretende privatizar a Petrobrás, a revolta da categoria começou a pipocar nas redes sociais.
Vídeos postados por caminhoneiros no momento em que estão abastecendo têm viralizado na rede social TiKTok, como o de um caminhoneiro mostrando o valor total na bomba, que passa dos R$ 5.500.
“O frete foi 11 mil. E eu vou ter que fazer mais um abastecimento pra chegar ao Mato Grosso ainda”, escreve na postagem e, no vídeo, diz: “Vê se tem condições uma coisa dessa? Vai parar. Os caminhões vão parar. É pane seca nas rodovias”. A gravação foi feita em Barreiras, na Bahia, onde o litro do diesel custa R$ 8,24.
Para Chorão, “o cenário é de pré-caos”. À coluna de Chico Alves, no UOL, Chorão disse que “a situação do motorista de caminhão está insustentável, a conta não fecha”.
O presidente da Abrava também se posiciona contra a privatização da Petrobrás alardeada pelo governo.
“O Brasil precisa de uma estratégia de curto prazo para frear essa voracidade da Petrobrás em saquear o bolso dos brasileiros, e não vender a PPSA e a Petrobrás”, afirmou o líder dos caminhoneiros em um texto divulgado logo após o novo ministro das Minas e Energia, Adolfo Sachsida, afirmar que já tem o aval de Bolsonaro para desestatizar a Petrobrás.
No texto, Chorão diz que recebeu a fala do ministro com “surpresa” e “indignação”. “O problema que precisa ser enfrentado agora é a política de preços da Petrobrás. O povo não aguenta mais nenhum aumento de gasolina, gás de cozinha e as consequências dos aumentos sequenciais do óleo diesel”, afirmou.
Ele também critica a postura de Bolsonaro de sempre “colocar a culpa nos outros” em relação aos problemas do país. “Viu o presidente falando na última live? Pedindo à Petrobrás para não quebrar o Brasil, como se o assunto não tivesse relação com ele?”, questionou. “A empresa tem 11 membros no conselho, seis são do governo. Como ele não tem nada a ver com isso?”.
No Espírito Santo, a categoria dos autônomos já está parada desde quarta-feira (11). Em nota à imprensa, o Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens (Sindicam-ES) diz que “a situação dos autônomos ficou insustentável depois de tantos reajustes, seja no preço do diesel ou dos insumos que compõem o dia a dia do caminhoneiro”.
Para o deputado federal Nereu Crispim (PSD-RS), presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas, os caminhoneiros se sentem “traídos” por Bolsonaro.
“Agora foi a etapa final do governo do presidente Jair Bolsonaro na categoria que apoiou ele nas eleições. Ele mentiu, assim como o ex-ministro Tarcísio, que durante três anos, ficou três anos e meio enrolando”, disse.
O deputado afirmou ainda que “as lideranças estão considerando que os caminhoneiros estão de luto”.
“O presidente não cumpriu a palavra dele. Dia 21 de maio vai fazer quatro anos da paralisação de 2018, e ele continua com esses presidentes fantoches da Petrobrás que fazem exatamente o que ele quer. Se tornou insustentável”, ressaltou Nereu.