A secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, confirmou, em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) no Amazonas, que foi a responsável pelo planejamento de uma comitiva de médicos para difundir, em Manaus, o uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19.
A ação ocorreu em janeiro, dias antes do sistema de saúde entrar em colapso no Estado.
Conhecida como “Capitã Cloroquina”, Mayra é uma das seis pessoas que respondem a uma ação por improbidade administrativa movida pelo MPF no Amazonas por conta da ação dos governos estadual e federal durante a crise no sistema de saúde do Estado em que 30 pessoas morreram asfixiadas por falta de oxigênio, em dois dias.
Além dela, são alvos da mesma ação o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e o ex-secretário-executivo da pasta, Élcio Franco, entre outros.
A assessora de Pazuello contou aos procuradores que todas as atividades que foram demandadas inicialmente foram feitas por ela, porque essa competência lhe foi delegada pelo então ministro da Saúde. “Nós fizemos uma série de ações que foram planejadas inicialmente por mim. Uma delas foi de levar os médicos voluntários (às unidades de saúde)”, disse Pinheiro.
Um procurador que conduzia o depoimento questionou se, entre os tratamentos e orientações aos médicos, estava a recomendação da cloroquina e da hidroxicloroquina.
“O Ministério disponibilizou uma orientação para os médicos brasileiros para, que de acordo com a autonomia que foi dada a eles pelo Conselho Federal de Medicina e a sua autonomia de prescrever e a autonomia do paciente de querer, que eles pudessem orientar medicamentos com doses seguras (de remédios) como cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina, que naquela época só tinham comprovação in vitro, e que hoje têm mais de 250 referências”, respondeu Mayra Pinheiro.
Segundo informações do jornal “O Globo”, há pelo menos um requerimento pedindo a convocação de Mayra para testemunhar na CPI da Covid no Senado.
A promoção de remédios sem eficácia e as ações do Ministério da Saúde antes e durante o colapso em Manaus são alvo das investigações da comissão.