Foi preso na última segunda-feira (19) no Japão, o executivo brasileiro Carlos Ghosn, presidente da holding Renault-Nissan-Mitsubishi por falcatruas e desvios de recursos da empresa. Ele será afastado da presidência do Conselho de Administração do grupo na quinta-feira. As ações da empresa nas bolsas de valores despencaram no mundo todo.
De acordo com o jornal japonês Nikkei, uma subsidiária holandesa criada em 2010 por cerca de US$ 53,4 milhões para investimento em startups teria financiado os negócios pessoais de Ghosn, que envolvem a compra e reforma de um luxuoso apartamento na cidade do Rio de Janeiro (RJ) e uma casa em Beiture, no Líbano. Ao tomar conhecimento das irregularidades, o governo francês, acionista da Renault, também pediu o afastamento do executivo.
O jornal aponta que os gastos combinados para os dois imóveis de luxo comprados por Ghosn teriam ultrapassado US$ 17,8 milhões. Toda a transação foi supervisionada pelo diretor executivo da empresa, Greg Kelly.
O episódio deixou sem pai nem mãe os privatistas mundo à fora. Afinal, para melhor roubar o patrimônio do povo, essa gente inventa fábulas de que as empresas estatais são corruptas, enquanto as privadas são um “altar de eficiência e retidão”. O esquema em questão desmoralizou essa conversa, o roubo de Ghosn foi todo particular.
Vezeiros em propagar que estatais têm que ser entregues a grupos privados porque “só assim eles poderiam evitar os esquemas de corrupção”, os privatistas não sabem o que dizer diante do escândalo da Nissan. Seus ataques às empresas públicas não passam de manobras para melhor se apoderarem do patrimônio que não lhes pertence. O CEO Carlos Gohsn, ídolo dos yuppies, modelo de “sucesso e eficiência nos negócios”, foi pego com a boca na botija. Ele e o comparsa Greg Kelly, estavam se refastelando com o dinheiro dos outros.
Aqui no Brasil ficou muito evidente como tudo isso funciona. O cartel do bilhão, grupo de empresas privadas chefiado pela Odebrecht, promoveu um assalto bilionário aos cofres da Petrobrás. O roubo foi feito por empresas privadas que superfaturaram obras. Apesar disso, os privatistas diziam que tinha que vender a Petrobrás por causa da corrupção. Era exatamente o contrário. O certo era intervir nas empresas privadas que roubaram a estatal.
Essa ladainha era tão badalada por aqui que teve gente idolatrando Eike Batista, criador de empresas de fachada, como “empresário modelo”. Baseado nisso, a Vale foi vendida a preço de banana e, ao adquirir a tal “eficiência privada”, provocou o maior crime ambiental do planeta. Agora, aparece o trambiqueiro Paulo Guedes, que vivia de golpes nos fundos de pensão, novo ministro de Jair Bolsonaro, anunciando que vai privatizar tudo no Brasil. Disse que vai criar até uma secretaria especial só para roubar o patrimônio do povo. É ou não é um sinal de que o crime organizado está se acercando do poder?