A presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Susana Cordeiro Guerra, que deixa o cargo nesta sexta-feira (9), afirmou em carta de despedida aos funcionários do órgão, que “o IBGE é uma verdadeira joia no serviço público brasileiro”.
Em sua despedida, Susana ressaltou a importância da realização do Censo Demográfico, que está ameaçado devido aos cortes de verbas ao Instituto. “O IBGE precisará realizar o Censo Demográfico, operação que mais do que nunca será fundamental para o futuro do Brasil. O Censo funciona como uma plataforma de inteligência que viabiliza e aprimora a tomada de decisões de políticas públicas nos 5.570 municípios do país”, afirma.
Segundo ela, “a importância do Censo é reafirmada pelo próprio contexto de pandemia, que coloca ao país uma ampla gama de profundos desafios. O Censo é crítico nesse processo, uma vez que só ele será capaz de revelar, com precisão, essa realidade, subsidiando assim a tomada de decisões e a formulação de políticas públicas”.
No texto, Susana ressalta a que o instituto é essencial para a formulação das políticas públicas do país, as pesquisas semanais divulgadas pelo IBGE sobre o mercado de trabalho, emprego e acesso ao auxílio emergencial para avaliação dos impactos econômicos durante a pandemia e o empenho dos servidores.
Embora na carta ela informe que deixa o cargo por “motivos pessoais e familiares”, é importante ressaltar que Susana anunciou sua saída da presidência um dia após o corte de 90% no orçamento do IBGE para o Censo Demográfico, no final de março, quando ficou evidente a inviabilidade da coleta de dados em mais de 70 milhões de lares brasileiros, previsto para iniciar em agosto.
Após o anúncio do corte no orçamento, o IBGE suspendeu no início dessa semana o concurso para a contratação de 200 mil funcionários temporários para a realização do Censo, que por lei deve acontecer a cada dez anos e já deveria ter ocorrido no ano passado, quando foi suspenso por causa da pandemia.
Ao concluir a carta, Susana agradece “a todos os ibgeanos que, nesses últimos dois anos, dedicaram-se de forma extraordinária para que, juntos, pudéssemos enfrentar com técnica, profissionalismo, galhardia, e serenidade os desafios que nos foram impostos. O talento, o trabalho árduo e a resiliência dos ibgeanos foram e continuarão sendo fundamentais nesta trajetória. Foi um grande privilégio e uma grande honra ter servido a este Instituto singular”.
Susana Guerra, que ficou na presidência do órgão durante dois anos e dois meses, foi indicada pelo Ministro da Economia, Paulo Guedes, e não teve nenhum apoio público do Ministério quando foi anunciado o corte no orçamento do Censo, de 2 bilhões para 71 milhões.