As centrais sindicais, que já vinham se manifestando em diversos fóruns, como no último 1º de Maio, contra as altas taxas de juros praticadas pelo Banco Central (BC), repudiaram a decisão do Copom, na quarta-feira (3), pela manutenção da maior taxa de juro real do mundo, e pedem o imediato afastamento de Roberto Campos Neto do comando do banco.
“Mais uma vez, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central frustra o setor produtivo e a classe trabalhadora. A manutenção da taxa de juros em 13,75% é uma política econômica equivocada e nefasta e que se curva aos especuladores”, afirma a Força Sindical em nota divulgada na noite de quarta-feira.
Conforme o presidente da Força, Miguel Torres, “infelizmente, o Banco Central continua insensível ao sofrimento de milhares de brasileiros que estão fora do mercado de trabalho ou em condições precárias na informalidade”.
Para a CUT (Central Única dos Trabalhadores), que também publicou nota de repúdio, a postura do Copom “é inexplicável e inaceitável”.
“Governo e empresários do setor produtivo, as centrais sindicais e parlamentares têm feito forte e justa pressão pela redução da taxa Selic, mas o Banco Central abusa de seu forte atrelamento ao sistema especulativo e financeiro e insiste em boicotar as iniciativas governamentais para criar condições para o consumo voltar a crescer e as empresas terem créditos mais baratos para produzirem mais, empregarem mais e fazerem a economia voltar a crescer”, afirma a nota.
A entidade também acusa o BC de “boicotar o governo”, ao impedir “a retomada do crescimento e a geração de emprego e renda” e de “beneficiar especuladores e rentistas, em detrimento de quem investe na produção e na prestação de serviços”.
O presidente da UGT (União Geral de Trabalhadores), Ricardo Patah, também defendeu a saída de Campos Neto do BC, destacando que “o comércio está em uma grave situação, com inadimplência elevada, baixo consumo, juro elevado e concorrência desleal das plataformas digitais”.
A CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros) também se manifestou em nota, afirmando que a decisão do Copom é um ataque à geração de empregos. “Pedimos a revogação da independência do Banco Central ou, pelo menos, a mudança na lei, estabelecendo a estabilidade monetária e a busca pelo pleno emprego como metas imediatas e prioritárias, o chamado duplo mandato”, disse a central.
Para o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, “uma taxa de juros a 13,75% frustra qualquer projeto de crescimento econômico”. “A política monetária, capitaneada pelo Banco Central, agora independente, conspira abertamente contra a recuperação da economia, perpetuando a estagnação”.