Entidades anunciaram uma agenda de mobilizações contra o fim da Previdência Social nos dias 22 e 26 deste mês
As centrais sindicais Força Sindical, UGT, CGTB, CSP-Conlutas, CTB, Nova Central, CSB, CUT e Intersindical, se uniram nesta segunda-feira (12) em uma plenária na sede do Dieese, em São Paulo, para o lançamento da Campanha Permanente em Defesa da Previdência Pública e Seguridade Social. Durante o ato, que contou com a participação de cerca de 300 lideranças de diversos sindicatos, as centrais lançaram um documento com propostas que defendem um sistema previdenciário público e solidário, e anunciaram uma agenda de mobilizações contra o fim da Previdência Social nos dias 22 e 26 deste mês.
Foi consenso na fala das lideranças das centrais, que tanto a proposta de reforma da previdência de Temer, e as propostas futuras do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), visam retirar diretos dos trabalhadores para garantir o lucro dos bancos. Antes das intervenções dos representantes das centrais sindicais, os dirigentes assistiram uma apresentação de Mario Reinaldo Villanueva Olmedo, dirigente da Confederación Fenpruss (Confederación de Profesionales de la Salud), que falou sobre a experiência de previdência adotada no Chile e que é semelhante a proposta que está em discussão no Brasil. “No Chile, as AFPs [fundos de pensão privados] fracassaram. Não cumpriram o objetivo, pois não dão pensões dignas”, disse.
Segundo o presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Ubiraci Dantas, o modelo de capitalização da Previdência só serve para saciar a sede e ganância do capital financeiro internacional, e ressaltou que as centrais deram um passo fundamental ao formar uma frente ampla em defesa da previdência. “Unidos é que vamos derrotar os ataques do governo Bolsonaro. Ele não teve o apoio da maioria do eleitorado, teve gente que votou nele porque não queria votar no PT, e teve 89 milhões de eleitores que disseram não à Bolsonaro. Vai ser com toda essa gente que nós vamos barrar as ameaças deste fantoche do capital financeiro”.
Para o presidente da Força Sindical, Miguel Torres “os trabalhadores não querem perder direitos. Não podemos aceitar uma reforma imposta de cima para baixo”, criticou Torres, destacando que a população brasileira quer “uma previdência social justa, universal e sem privilégios”.
O presidente da Nova Central, José Calixto Ramos defendeu que o “trabalhador precisa tomar conhecimento de toda agenda de retrocessos em curso”.
Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), disse que no sistema de capitalização da previdência, “só quem capitaliza é o banqueiro”, destacando que seria trágico os brasileiros terem este modelo implantado no país. “Você deposita uma vida, mas não vai conseguir recuperar o que investiu – a tendência é o deságio”, disse Araújo.
Membros da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Luiz Carlos Prates, o Mancha, disse que “diante dos ataques que estão por vir, se faz necessário a unidade para lutar e barrar qualquer reforma, pois o que eles querem é reduzir e acabar com direitos”, denunciou Mancha.
Já o secretário-geral da Intersindical, Edson Carneiro, o Índio, disse que as centrais com suas bases devem aproveitar essa campanha para dialogar com toda a população e mostrar que o que está em risco é o direito de se aposentar. “Precisamos traduzir que a proposta de Bolsonaro significa a entrega das nossas aposentadorias aos bancos, ao rentismo, ou seja, aos milionários por trás do capital financeiro”.
O secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, lembrou que o modelo de capitalização adotado no Chile causou uma tragédia na vida dos aposentados, e que os efeitos podem ser semelhantes no Brasil. “Eles tinham um modelo de Previdência muito parecido com o nosso, que trabalhadores mais novos contribuírem com o benefício dos mais velhos. Com a capitalização, o que se tem são idosos vivendo de favor. Nós somos contra qualquer mudança que tire direitos”, disse Nobre.
De acordo com o representante da União Geral de Trabalhadores (UGT), Natal Léo, com as propostas que estão sendo divulgadas pelos representantes do governo eleito, “a maioria não vai se aposentar! Por que não cobram a inadimplência dos que devem ao INSS? Por que as propostas são sempre na perspectiva de tirar os nossos direitos?” questionou Léo. Já o representante da CSB, Álvaro Egla, disse que “só unidos e mobilizados, fazendo o que sabemos fazer, que é ir para as ruas e organizar os trabalhadores, que conseguiremos barrar essa proposta nefasta”.
ANTONIO ROSA