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O ex-governador Cid Gomes (PDT-CE) afirmou, em entrevista nesta segunda-feira, ao site Congresso em Foco, que a lua de mel entre Executivo e Legislativo tende a se encurtar. “Isso vai depender também da quantidade de frustrações, da quantidade de incoerências que o governo praticar. O governo que vivia falando do filho do Lula e bota o filho do Mourão, começa a despertar nas pessoas um sentimento de que “é mais do mesmo”. “Não sou adepto das teses moralistas. Geralmente por trás de defensores delas tem santos de pau oco. Estou falando só da incoerência”, observou.
Ele defendeu a construção de uma candidatura a presidente do Senado que “concilie o sentimento predominante na Casa”. “Alguém que não seja automaticamente alinhado ao presidente Jair Bolsonaro ou que também não seja oposição radical ao governo”, disse ele.
Cid Gomes, que lidera um bloco de oposição no senado formado por PDT, PSB, PPS e Rede, informou que na próxima sexta-feira (25) o bloco vai se reunir em Brasília na busca de um nome de consenso para enfrentar Renan. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) é o mais cotado para encarnar esse papel. Cid defende ainda que a discussão seja feita “sem maniqueísmos e casuísmos”. Ele chegou a comunicar pessoalmente ao senador alagoano que não tem nada contra a sua candidatura, só acha que ela não é adequada para este momento.
“Não vou fazer disso um cavalo de batalha. Não é o Major Olímpio que é o bonzão, nem o Renan que é o péssimo”, afirma, em referência ao senador eleito pelo PSL que se lançou à disputa como nome do governo. Segundo Cid Gomes, “é preciso tomar cuidado com o discurso de que quem está entrando na política agora, com bandeiras moralistas, é melhor do que quem já exerce funções públicas há mais tempo”.
“Não tenho a menor vocação para o maniqueísmo. Agora o Alexandre Frota é o protótipo do bom político? E o Rodrigo Maia o da política antiga? Me perdoe. Kim não sei das quantas é protótipo da nova política? Joice Hasselmann é protótipo da nova política?”, indaga.
“Quando se fala do protótipo da nova política boto os cinco pés atrás para ver se não é oportunismo ou casuísmo de quem está querendo autoritarismo no poder”, acrescentou Cid Gomes.
Sobre as tentativas de mudanças nas regras da eleição para a mesa do Senado, Cid disse que “não é hora de mudanças nas regras”. “A gente segue o regimento. Se está insatisfeito, mude o regimento. Não dá para mudar no dia da votação. São pseudopolêmicas.” Há duas semanas o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, determinou que a votação seja secreta. Para o pedetista, o novo presidente do Senado deve zelar pela independência da Casa em relação ao Executivo e assegurar o papel do Parlamento pelos próximos anos dada a “imponderabilidade e a instabilidade” do novo governo.
O início da atual gestão, de acordo com o senador eleito, já demonstra o que vem pela frente. “Há muita trapalhada. Mas elas devem ser vistas com alguma tolerância porque, afinal de contas, tem muita gente que não teve experiência na administração pública que agora está na frente dela. Temos de ter tolerância”, defendeu.