Os três apontaram a gravidade do momento e destrincharam a profunda crise econômica, social e política pela qual passa o Brasil. Eles defenderam a necessidade de unidade para que o país possa superar esta situação
O ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes, presidenciável do PDT, abriu o debate sobre as alternativas políticas e eleitorais para o Brasil, promovido pela Globonews neste domingo (26), onde estiveram presentes também o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM) e o senador Alessandro Vieira (Cidadania).
CIRO: O POVO BRASILEIRO PRECISA ACHAR UM CAMINHO
Para Ciro Gomes, “a população brasileira não está ligada nas eleições”. “É natural”, diz ele. “Nos estamos com 15 milhões de desempregados, em números redondos, 6 milhões de desalentados, 53 milhões de pessoas já passando fome, 129 milhões de pessoas comendo precariamente, 67,8 milhões de brasileiros humilhados no SPC e a vida do nosso povo é uma tragédia, nós estamos chegando a 600 mil famílias enlutadas e a política para o nosso povo, neste momento é um barulho”, afirmou Ciro.
“E o que está acontecendo?”, indaga o presidenciável do PDT, ao falar sobre as pesquisas eleitorais. “Você tem um presidente se desmoralizando e o Lula que é conhecido, aliás, o Lula é a coisa mais velha que existe na política brasileira, que está enfrentando a percepção de que Bolsonaro é a coisa mais podre da política brasileira”, apontou o ex-governador.
“Portanto”, diz Ciro, “essas pesquisas tendem a revelar muito mais a notoriedade e uma coisa da paixão e do ódio que nós estamos recebendo lá de 2018, mas eu quero crer que as eleições marcarão uma outra qualidade de debate. O povo brasileiro precisa achar um caminho em que a gente encerre esses ódios e paixões superficiais e construa um debate ao redor de basicamente um diagnóstico”.
“O que está acontecendo? Por que a economia brasileira, que era uma das economias que mais crescia na história da Humanidade, passa a ser a que menos cresce? Por que o Brasil dominou a inflação em 1994, eu tenho a honra de ter servido ao país como ministro da Fazenda, e agora a carestia volta pesado à mesa do pobre brasileiro, da família brasileira, impulsionada pelo governo?”, seguiu indagando Ciro.
E ele mesmo responde às indagações afirmando que “depois da gente entender o porque dessa tragédia econômica e política, aí nós vamos ter que construir um projeto nacional de desenvolvimento que tenha respostas práticas com prazos concretos objetivos, orçamento, dizer de onde vem o dinheiro e antecipar o conflito político necessário a uma reforma profunda das contas do Brasil que está em estado falimentar”.
MANDETTA: A REJEIÇÃO AO ATUAL GOVERNO É MUITO ALTA
O ex-ministro Mandetta disse que não gosta do termo terceira via. Para ele, “é a melhor via”. “Você tem claramente um passado, representado pelo Lula, que, como todo o passado, as pessoas têm o costume de relevar o que foi cruel e fica só com a parte das boas lembranças. O ser humano tem essas características. Antigamente a música era melhor, o carro era melhor, circulava mais dinheiro”, assinalou.
“Existe essa naturalidade esse raciocínio, mas a hora que a gente refresca o que foi o governo Dilma, o que foi o escândalo de corrupção, as obras com dinheiro público capitalizando empresas privadas num capitalismo de Estado perverso, concentrador, obras em outros países, enfim, quando a gente relembra esses tópicos, eles costumam sair desse passado nefasto”, afirmou o ex-ministro da Saúde.
“No presente a gente não precisa nem sequer fazer comentários, porque ele já sai espontaneamente da grande maioria das pessoas. A rejeição ao atual governo é muito alta. Quando a gente vai falar de perspectiva de via, ainda nós somos uma amontoado de nomes, ainda os partidos estão vivendo o ano de 2021, que seria o natural para todos os partidos. O natural não é o partido ficar calado. O natural não é o partido não vir para o bom debate. O Lula fica quieto, sentado na sua cadeira, falando do passado, dizendo que antigamente era bom. O atual faz as atrocidades que faz e os partidos estão no momento das discussões”, prosseguiu.
“Estamos já construindo um programa de governo, através da fundações dos partidos. Construindo um programa de nação que dialogue com a população. A crise social é perversa, é enorme, o desemprego é violentíssimo dentro do Brasil. Todos dizem que não queiram votar nesse ou naquele. Eu gostaria de ter uma via que apontasse para o futuro que é a única que dialoga com a esperança, com um futuro de recuperação. Nas pesquisas são colocados uma série de nomes. Aí fica tudo embolado”, disse Mandetta.
“A impressão que eu tenho é que alguns nomes vão se consolidar e a partir de 3 de abril vai haver um grande funil e vai haver uma grande plataforma de entendimento já que tido o que estamos fazendo é ver quais são os pontos de convergência e deixar as divergências para ver se elas são intransponíveis ou não. Eu trabalho para que tenha uma mesa democrática, uma frente ampla que tenha uma clareza que é preciso união para tirar o país dessa crise”, defendeu o presidenciável.
VIEIRA: QUALQUER DEMOCRATA DEVE ESTAR DISPOSTO A FAZER COMPOSIÇÕES
O senador Alessandro Vieira (Cidadania) afirmou que “qualquer pessoa que seja um democrata deve estar disposto a fazer composições, com a convicção de que ninguém deve ser o salvador da Pátria, ninguém é portador de todas as respostas necessárias e que os desafios que o Brasil enfrenta são muitos graves”. “Em algum momento pode-se pensar na concentração num nome específico. Isso vai acontecer naturalmente. E todos esses que estão participando dessa discussão, desse diálogo, têm demonstrado essa disposição”, disse Vieira.
“Temos que deixar os projetos pessoais e as vaidades de lado e construir uma alternativa para o Brasil”, defendeu o senador. “O Brasil precisa olhar para frente e parar de ficar olhando o retrovisor pensando num saudosismo daquilo que a gente sabe que não teve. Governos mercados pela corrupção que está incrustrada no sistema político brasileiro. O problema é de sistemas, não é de pessoas, muito menos de ideologias. Então, é fazer a construção com calma”, destacou Alessandro Vieira.
“O ato que aconteceu em São Paulo teve uma representatividade por sua participação política”, disse ele. “Estiveram no palanque várias pessoas que vão estar disputando as eleições. Isso sinaliza a vontade de união, a vontade de fazer uma construção de pauta. Identificar nossos problemas apresentar soluções maduras, com muito diálogo”, acrescentou Vieira. “Nós precisamos resgatar a possibilidade no Brasil de conversar sobre política, reconhecer os problemas, encontrar soluções. Eu acho que esse é um bom caminho que estamos começando a trilhar”, completou.