O ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), disse que Lula deveria dar “um passo para trás” em relação à sua candidatura à Presidência da República para ampliar a oposição a Jair Bolsonaro.
“A gente devia pedir generosidade a quem já teve oportunidade, como o Lula, que é uma grande liderança brasileira”, declarou Ciro Gomes.
“Mas a gente devia pedir a ele que se compenetrasse e não imitasse o exemplo desastrado do [Nicolás] Maduro na Venezuela ou do Evo Morales na Bolívia. E olhasse o que a Cristina Kirchner fez na Argentina em que, tendo uma força grande, deu um passo pra trás e ajudou a Argentina a se reconciliar”, completou.
Na Venezuela e na Bolívia, Nicolás Maduro e Evo Morales se recusaram a passar o bastão para sucessores e, para isso, alteraram a Constituição de seus países, sofrendo várias tentativas de golpe.
Na Argentina, a ex-presidente Cristina Kirchner foi candidata à vice-presidência na chapa de Alberto Fernández para vencer a eleição contra Maurício Macri, que aplicou a política de destruição neoliberal e afundou o país na crise.
Para Ciro Gomes, “derrotar Bolsonaro é muito importante, não por ódio a ele, mas para derrotar o desastre que ele está produzindo, na saúde, na economia, na relação internacional que o Brasil está desmoralizado”.
“Mas a segunda grande tarefa, mais difícil e que pede uma grande reconciliação entre todos nós, é botar algo no lugar nesse ambiente de terra arrasada em que nós estamos”, disse.
Ciro Gomes foi candidato à Presidência da República em 2018 e ficou em terceiro lugar na disputa, com 12% dos votos, atrás de Jair Bolsonaro e Fernando Haddad, que foram para o segundo turno do pleito.
MARCELO FREIXO
Marcelo Freixo, novo líder da Minoria na Câmara dos Deputados, em entrevista ao Estadão, defendeu que seu partido, o PSOL, “esteja em uma aliança ampla de centro-esquerda pela democracia” e que “o partido apoie o candidato que tenha mais visibilidade para derrotar Bolsonaro”.
Freixo acrescentou, todavia, que há no momento uma grande possibilidade do PSOL apoiar o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022 se o petista for candidato: “o próprio encontro nacional do PSOL e o documento tirado ali apontam nessa direção. Há uma leitura de realidade que aponta essa mudança. (…) Hoje, há uma ampla maioria do partido querendo essa aliança. Eu defendo que onde o PSOL for disputar eleições para governo, que se faça essa aliança ampla, inclusive contando com o centro”.
Sobre Ciro Gomes, que acaba de pedir um gesto de “generosidade” de Lula, o parlamentar reconheceu como “um dos quadros mais preparados na política”, que “tem um programa econômico muito avançado”, enquanto o PT tem “história”.
O deputado, porém, relativizou o apoio a uma eventual candidatura de Lula a presidente afirmando com todas as letras que “tem de ser em função de um programa”.
Se o apoio está condicionado a um programa, nada melhor, nesse momento, do que uma passagem sobre os termos da Carta dirigida pelo ex-senador Roberto Requião ao ex-presidente Lula manifestando-se “chocado” com a proposta de privatização de órgãos como a Caixa Econômica Federal e a Eletrobrás defendida pelo petista, embora camuflada nas denominadas companhias de economia mista, em recente entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo.