O ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), disse ao Supremo Tribunal Federal (STF) que as operações da Polícia Federal em seus endereços tinham o objetivo de “constrangê-lo publicamente” e conseguir “acesso a documentos que tratam de estratégias” de sua pré-campanha à Presidência da República.
Em um pedido de habeas corpus, Ciro argumentou que as operações se basearam exclusivamente em delações, sem ter nenhuma prova que corrobore com a linha investigativa, e pediu a anulação de todas as buscas feitas pela PF.
“O que tencionou-se, a bem da verdade, foi engendrar um fato político para arrefecer a pré-candidatura do Senhor Ciro Ferreira Gomes, com o cerne único e inabalável de constrangê-lo publicamente, e ainda ter acesso a documentos que tratam de estratégias de campanha eleitoral”.
“O abuso de autoridade ora narrado [a operação da PF] foi perpetrado para vasculhar as estratégias da futura campanha eleitoral do Paciente, como contatos, apoiadores e estrutura para o pleito de 2022”, continuou.
Ciro Gomes afirmou, quando das operações, que sua casa e seus equipamentos foram invadidos por ordem direta de Jair Bolsonaro, já que não há nenhum motivo real para que ele e seus familiares, como o senador Cid Gomes (PDT-CE) e Lúcio Gomes, fossem alvos das investigações.
“Evidentemente que as declarações proferidas pelos colaboradores [delatores] não podem assumir uma posição sacralizada e incontestável nos autos, na medida em que para tanto, devem possuir alguma ressonância com o substrato probatório angariado através das investigações”, apontou.
O documento enviado por Ciro ao STF diz que os delatores têm interesses próprios em relação às investigações, que é de obter “benesses judiciais”, o que faz com que os fatos narrados sejam confirmados por documentos e outras provas.
“Em nenhum momento, especificamente em relação ao Senhor Ciro Ferreira Gomes, aponta-se qualquer tipo de nexo causal lastreado nas provas arrecadadas que possa corroborar o teor das declarações dos colaboradores”, afirmou.
Ciro Gomes e seus irmãos foram alvo de busca e apreensão e quebras de sigilo fiscal e telefônico.
A PF dizia estar investigando um suposto pagamento de propina e desvio de verbas na reforma da Arena Castelão para a Copa do Mundo de 2014.