“Não é possível em um país que é o terceiro maior produtor de alimentos do mundo haver pessoas nas ruas pedindo comida e esmola”, disse o ex-presidente
O ex-presidente Lula (PT) participou, na segunda-feira (15), de um evento na Universidade de São Paulo (USP) e afirmou que a economia do Brasil deve ser “recuperada”, ressaltando a importância da Petrobrás e do BNDES.
“A Petrobrás vai voltar a ser do povo brasileiro”, falou.
O evento foi realizado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, na zona oeste de São Paulo, e contou com a presença de milhares de estudantes.
O ex-presidente fez um apelo para que os jovens se engajem na campanha eleitoral e denunciem os crimes de Jair Bolsonaro.
“Está nas nossas mãos a responsabilidade de dizer que país a gente quer. Que futuro a gente quer, que educação a gente quer. Que trabalho merecemos, que política de desenvolvimento merecemos. Se nós nos omitirmos, o Brasil irá repetir o último resultado”, falou.
Para ele, “não temos o direito de ficar quietos com a destruição que está em marcha nesse país, temos que gritar e protestar, e o voto tem que ser para tirar quem está aí”.
Lula avalia que com Jair Bolsonaro na Presidência o “Brasil retrocedeu”.
O país, “que chegou a ser a 6ª economia do mundo, voltou a ser a 13ª. O que era motivo de orgulho em todos os continentes virou um pária porque ninguém quer receber o presidente da República e ninguém quer vir aqui”.
Ao mesmo tempo, “os empregos estão ficando desqualificados, a massa salarial está caindo. O povo está comendo pior, gostaria de comprar um peito de frango, mas compra pescoço ou pé de frango”.
“Nós aumentamos o salário mínimo todo ano de acordo com o crescimento do PIB, mas hoje não se aumenta mais”, comparou o ex-presidente.
Durante o discurso, Lula enfatizou que o programa de recuperação econômica do país deve ter foco na reindustrialização, mencionando o pré-sal e a indústria naval.
“A Petrobrás vai voltar a ser do povo brasileiro, o Banco do Brasil vai voltar a ser um banco público, o BNDES vai voltar a emprestar dinheiro para micro e pequeno empreendedor”, disse.
“A gente vai acabar com a inflação, não vai mais ter mulher na fila do osso, mas vai estar comprando carne para comer. Não vai mais ter família comendo carcaça, vai estar comendo frango, as pessoas não vão mais estar nas ruas pedindo comida e esmola”, sentenciou.
“Isso não é possível em um país que é o terceiro maior produtor de alimentos do mundo, o primeiro produtor de proteína animal”, apontou.
Conversando com o público presente, Lula defendeu o aumento no investimento nas universidades públicas. “Universidade significa investimento no futuro deste país”.
Ele ainda disse que tem orgulho de que, enquanto era presidente, o Brasil “era o 13º país em publicação de artigos científicos em revistas especializadas”.
Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, ex-ministro da Educação e professor da FFLCH-USP, lembrou que o governo Lula inaugurou 18 universidades públicas. “Não era na capital, era no fundão do país, no interior do Piauí, do Maranhão, do Ceará, de Santa Catarina”, destacou.
A filósofa e professora da USP, Marilena Chauí, participou da aula pública e defendeu a “necessidade de recuperar e reinstitucionalizar a República”. “É preciso refazer a economia, recuperar a noção do fundo público para que, através dele, todos os direitos sociais sejam recuperados e refeitos”, declarou.
A presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Flávia Calé, fez pronunciamento no mesmo sentido. Para ela, “a ciência tem papel fundamental na reconstrução do nosso país, seja através da reconstrução da economia, fortalecendo a ligação entre universidades, estatais e o estado promotor de planejamento e financiamento, seja através da ciência como promotora da cultura”.