R$ 51 milhões estão escondidos no paraíso fiscal. Ministro ganhou milhões ilegalmente com alta do dólar, provocada por ele mesmo, e acha que reposição das perdas dos servidores é que “não faz sentido”
O ministro da Economia Paulo Guedes afirmou, neste sábado (29), que não faz sentido os servidores públicos, que estão com seus salários congelados há cinco anos, pedirem reajuste salarial neste ano em que a inflação disparou e já passa de 10%. “Qual o sentido de pedir reajuste agora?”, indagou o auxiliar do governo.
A pressão por reajuste aumentou depois que Jair Bolsonaro (PL) tentou dividir a categoria de servidores públicos federais anunciando que daria aumentos apenas para a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e o Departamento Penitenciário Nacional. De acordo com o ministro, “não faz sentido pedir reajustes em meio ao avanço da pandemia de COVID no Brasil devido à variante ômicron”.
“Temos que ter cuidado com os salários. Porque estamos ainda em guerra, e temos que pagar pela nossa guerra”, disse Guedes. “Nós temos que pagar, em vez de empurrar os custos para as futuras gerações”, afirmou o ministro que escondeu uma fortuna de RS 51 milhões em paraísos fiscais, conforme veio a público com divulgação do escândalo que ficou conhecido como Pandora Pepers.
A investigação envolveu cerca de 600 jornalistas, inclusive do The Washington Post , BBC e The Guardian. Ela se baseia no vazamento de cerca de 11,9 milhões de documentos de 14 empresas de serviços financeiros em todo o mundo.
Cerca de 35 atuais e antigos líderes são citados no mais recente e vasto acervo de documentos analisados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), enfrentando alegações que vão desde corrupção até lavagem de dinheiro e evasão fiscal global. Guedes foi uma das autoridades que foram denunciadas com dinheiro escondido.
A fortuna de Guedes escondida nas Ilhas Virgens Britânicas era de 9,5 milhões de dólares antes dele entrar no governo. No último dia do governo de Michel Temer, em 31 de dezembro de 2018, o dólar comercial custava R$ 3,87. Atualmente, depois de mais de 1.000 dias de Guedes à frente do ministério, cada dólar equivale a mais de R$ 5,4.
Dessa forma, ele lucrou aproximadamente R$ 14 mil por dia durante todo este período, ou seja, mais de mil dias ganhando R$ 14 mil por dia. Nem precisou movimentar. Só a variação cambial abarrotou os cofres secretos do ministro. E ele, ao mudar a reforma tributária, isentou de pagamento de impostos esse ganho milionário.
Agora, com o bolso abarrotado com os ganhos ilegais da especulação, estimulada por ele mesmo, com a alta do dólar, Guedes diz que não faz sentido que servidores públicos lutem para repor as perdas salariais provocadas pela inflação em disparada. O que não faz o menor sentido é ele continuar ministro.