Os sindicatos de bancários de todo o país estão protestando nas ruas e nas redes sociais nesta segunda-feira (22) contra a proposta de reajuste salarial apresentada pela Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), que representa um dos setores mais lucrativos e rentáveis da economia brasileira, aos trabalhadores.
Segundo o Comando Nacional dos Bancários a proposta apresentada, de apenas 65% da inflação (INPC) para todas as reivindicações como salários, vales refeição/alimentação e PLR é “indecente” e foi rejeitada pela categoria.
Com a expectativa de INPC em 31 de agosto de 8,95%, o índice de reajuste proposto pela Fenaban seria algo em torno de apenas 5,82%, uma perda real para os trabalhadores de 2,9%.
Ivone Silva, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários classifica a proposta como “um verdadeiro absurdo”, diante dos lucros dos cinco maiores bancos, que somaram R$ 56 bilhões no primeiro semestre deste ano, um crescimento, em média, de 3,7% em doze meses.
“E são os bancários que constroem esses resultados, com trabalho árduo, sobrecarga, pressão para o cumprimento de metas inalcançáveis, com adoecimento. E a Fenaban propõe reajuste abaixo da inflação?! Não aceitamos isso e a categoria já está se mobilizando nas redes e nas ruas. Queremos aumento real e reajustes maiores na PLR e nos tickets. Queremos proposta decente!”, afirma.
“O nosso Sindicato estará em agências e concentrações bancárias alertando os trabalhadores contra essa proposta desrespeitosa. É a nossa mobilização e união que nos fortalece, e vamos mostrar aos bancos que não aceitaremos reajustes abaixo da inflação. Chamamos todos os bancários e bancárias a se manifestarem nas redes sociais, utilizando a hastag #DESRESPEITO e marcarem a @Febraban”, convoca a secretária-geral do Sindicato, Neiva Ribeiro.
O sindicato denuncia que “os resultados excepcionais dos bancos só são usufruídos pelos altos cargos: a remuneração per capita anual da Diretoria Executiva dos maiores bancos tem previsão de atingir R$ 8,9 milhões por diretor(a) em 2022, com crescimento de 11,1% em relação a 2021, e 132 vezes maior do que a remuneração anual da função de escriturário, incluindo salário, 13º, férias, tickets e PLR”.
Conforme a entidade, de 2003 a 2019, o lucro líquido real dos bancos subiu 222%, enquanto a remuneração média real dos bancários subiu apenas 12% no mesmo período.
Sobre o vale refeição/alimentação, o sindicato afirma que “diante da inflação galopante no governo Bolsonaro, o poder de compra de alimentos dos bancários caiu muito”.
Como explicitam os números citados pela entidade: a alimentação no domicílio teve alta de 16,73% em doze meses, com alguns produtos básicos subindo intensamente, como cenoura (86%), tomate (66%), café (62%), leite (37%) e feijão (30%).
“A cesta básica calculada pelo Dieese para a cidade de São Paulo está em R$ 760,45, em julho, e está 4,6% acima do valor do auxílio alimentação da categoria (R$ 726,71)”, afirma o sindicato.