Na retomada dos trabalhos em agosto, a CPI vai ter volume de dados e informações para decodificar, por isso vai ampliar a equipe de retaguarda. Há imenso acervo de informações que vai precisar escarafunchar
A CPI da Covid-19 no Senado tem plano para o retorno aos trabalhos em agosto, em particular diante das novas frentes de investigações que pretende inaugurar. Diante disso, a cúpula da comissão decidiu pedir reforços.
A ideia é solicitar mais duas equipes da Polícia Federal e, pelo menos, mais um procurador do Ministério Público, de acordo com o relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL).
A cúpula da CPI avalia que, diante da quantidade de informações coletadas e que aumenta a cada dia, o número de especialistas que se dedica ao material nos bastidores das investigações atualmente está reduzido.
A comissão já reuniu cerca de 1 terabyte de informações a serem averiguadas. Esse acervo foi construído porque, ao longo da primeira etapa da comissão, foram coletados 33 depoimentos, produzidos mais de 1.000 requerimentos e cerca de 1.300 ofícios.
RETAGUARDA DA CPI
Para ajudar na análise desse material, a CPI tem o apoio de auditores do TCU (Tribunal de Contas da União), Receita Federal e Banco Central, além de um procurador e equipe da PF.
Eles entendem, no entanto, que é necessário aumentar o grupo para dar conta da demanda. Isso porque, além de analisar o material já coletado, a intenção da CPI é abrir novas linhas de apuração assim que as reuniões forem retomadas, em uma semana, na próxima terça-feira (3).
Os trabalhos da CPI foram prorrogados, em 14 de julho, por mais 90 dias. Assim, a comissão vai retornar do recesso animada, pois o inquérito deve ir até o início de novembro.
Pior para o governo, pois a CPI se transformou, ao longo dos trabalhos de investigação, entre meados de abril quando foi instalada, até julho, num espaço em que muitos malfeitos em relação à (má) gestão da pandemia foram desvendados deixando o governo mais enfraquecido do já estava em razão do comportamento errático que teve e tem em relação ao combate à Covid-19.
“FAKE NEWS”
Uma dessas vai ser explorar a conexão do que está sendo investigado na CPI com achados da CPMI das Fake News. Na mira, por exemplo, estão os integrantes do Instituto Força Brasil.
O presidente da entidade, coronel Hélcio Bruno, facilitou encontro do então secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, com representantes da Davati, que tentavam fechar negócio bilionário com a pasta.
A cúpula da CPI deve aprovar a convocação dele e também e do vice-presidente da entidade, Otávio Fakhoury, tão logo os trabalhos se reiniciem.
Senadores do grupo majoritário, que antes advogavam pela continuidade dos trabalhos da CPI, viram no recesso “pausa estratégica” para a comissão. Além de mergulhar nos documentos, há previsão de encontros com possíveis colaboradores para incrementar a retomada das reuniões.
ALVOS DA COMISSÃO
Conversas já foram agendadas com parlamentares estrangeiros, que entraram em contato com a CPI e dizem ter conteúdo para contribuir, acrescentando informações sobre atividades no exterior de alvos da comissão.
Também há possibilidade de agenda com representantes do ex-governador do Rio, Wilson Witzel, que prometeu entregar elementos sobre suposta ligação do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), com o controle de hospitais federais no Rio.
ASSESSOR DE EDUARDO BOLSONARO
A vice-presidente do STF, ministra Rosa Weber, manteve quebra de sigilos telefônico e telemático determinada pela CPI da Covid-19 contra Carlos Eduardo Guimarães, assessor do deputado Eduardo Bolsonaro.
A presidente da corte em exercício negou mandado de segurança impetrado por Guimarães, que é apontado como integrante do “gabinete do ódio que defendia a utilização de medicação sem eficácia comprovada contra Covid-19 e apoiava teorias como a da imunidade de rebanho”.
“Parece inquestionável, desse modo, que os indícios apontados contra o impetrante — supostamente responsável por disseminar notícias falsas contra a aquisição de imunizantes e em detrimento da adoção de protocolos sanitários de contenção do vírus SARS-CoV-2 —, sugerem a presença de causa provável, o que legitima a flexibilização do direito à intimidade do suspeito, com a execução das medidas invasivas ora contestadas”, escreveu Rosa Weber na decisão.