Jogando o país no caos e antevendo a derrota, ele repete o que fez seu guru, Donald Trump. Ameaça não aceitar o resultado das eleições.
Pressionado pelo desastre na condução da pandemia e por denúncias cada vez mais graves de corrupção em seu governo, com negociatas escandalosas na compra de vacinas, Jair Bolsonaro fez ameaças à democracia e atacou o Supremo Tribunal Federal (STF). Ele repete o que fez seu guru, Donald Trump que, prevendo a derrota, também ameaçou não aceitar o resultado das eleições. Foi um vexame.
Em entrevista nesta quarta-feira (7) a uma rádio gaúcha, Jair Bolsonaro voltou a insistir na sua ideia fixa de deixar a população morrer de Covid-19 e a criticar os governadores por não terem deixado que essas ideias genocidas fossem ainda mais devastadoras. Ele culpou a atuação do Supremo Tribunal Federal que garantiu aos estados e municípios a autonomia para decidir sobre as medidas sanitárias a serem aplicadas localmente. “Realmente é preocupante a interferência absurda por parte de alguns ministros, ou vários do Supremo Tribunal Federal”, disse o golpista à rádio Guaíba.
Bolsonaro vem sabotando de todas as formas a luta contra a pandemia. Atrasou a compra das vacinas, foi contra o uso de máscara – chegando ao absurdo de retirar a máscara de uma criança durante uma de suas aglomerações – e ajudou a espalhar o vírus com “motociatas”, confusões e todo tipo de aglomeração. Ele fez tudo o que pode para impor sua tese genocida de imunidade de rebanho, ou seja, a ideia de jogar a população nos braços do vírus assassino para que assim se obtivesse a imunidade. Isso provocou a morte de meio milhão de pessoas. O Brasil hoje é o segundo país do mundo em número absoluto de mortes, só perdendo para os EUA.
Ele falava sobre isso ao atacar os governadores que, em parte, impediram que sua ideia absurda vingasse plenamente. Os ataques se deram quando ele comentava decreto que tinha a intenção de assinar, atropelando o STF, para impedir governadores e prefeitos de impor medidas de restrição de circulação para conter a propagação da Covid-19.
O avanço da CPI, que está mostrando tudo isso e desbaratando o esquema bolsonarista de corrupção instalado no Ministério da Saúde, está deixando o governo baratinado. Somado a isso, o aumento da rejeição e do repúdio popular ao seu governo, detectado nas últimas pesquisas e nas ruas, já fazem o capitão cloroquina começar a falar em fraude eleitoral.
“Quando você vê o ministro Barroso e o Parlamento brasileiro negociar com algumas lideranças partidárias para que o voto impresso ou auditável — é a mesma coisa — não fosse votado na comissão especial, o que ele quer com isso, no meu entender? Que vai ser comprovado nos próximos dias, vai ser comprovado da minha parte: fraude nas eleições”, ameaçou.
Não tem nem originalidade em suas afirmações. É exatamente o que fez Trump quando percebeu que ia ser derrotado nas urnas nas eleições americanas. Não deu outra, o guru de Bolsonaro, o “salvador do ocidente”, sofreu uma fragorosa derrota na urnas e deu aquele vexame no Capitólio. Antevendo sua derrota aqui também, Bolsonaro lança acusações contra o sistema eleitoral eletrônico que está em vigor no país há mais de duas décadas, sem nenhuma irregularidade ou denuncia de fraude.
Ele diz que quem ameaça a democracia é o STF. “A democracia, sim, se vê ameaçada por parte alguns de toga que perderam a noção de onde vão os seus deveres e os seus direitos”, acusou Bolsonaro. Mas, quem ameaça o país com um golpe em suas instituições democráticas é ele próprio. Chegou a pregar suas ideias fascistas em frente ao Quartel-General de Brasília. Foi rechaçado pelos militares, que não querem ver a instituição arrastada numa aventura antidemocrática.
Quem está desrespeitando a Constituição e tentando rasgar as leis é Bolsonaro. É ele que tenta aparelhar as Forças Armadas para atraí-las para seus intentos golpistas. É ele que ataca a imprensa. É ele que ameaça as eleições democráticas. É ele, com suas sabotagem às vacinas e às medidas sanitárias de proteção, quem está provocando a maior tragédia sanitária do país que já matou mais de 525 mil brasileiros, enquanto o STF, o Congresso Nacional, as demais instituições democráticas e o povo nas crescentes manifestações de rua, por sua vez, que estão impedindo seus intentos golpistas.