Além de criar clima de terror na sociedade, a atitude criminosa de Bolsonaro tenta jogar a população contra governadores e prefeitos
Jair Bolsonaro divulgou em suas redes sociais, na manhã desta quarta-feira (01), um vídeo falso dizendo que estaria havendo desabastecimento no Ceasa de Belo Horizonte. Na imagem, um homem aparece mostrando o local vazio e dizendo que há desabastecimento. No texto, Bolsonaro diz que “não é um desentendimento entre o presidente e alguns governadores e prefeitos”, e que “são fatos e realidades que devem ser mostrados”.
O ataque descabido de Bolsonaro aos governadores e prefeitos se dá menos de 24 horas após seu pronunciamento oficial na TV onde ele falou em união de esforços.
Ao contrário do vídeo postado no twitter pelo presidente, a Ceasa amanheceu com filas de caminhões e está com o abastecimento normal. As imagens reais, capturadas pela CBN, mostram a central cheia de produtos.
Desmascarado, Bolsonaro rapidamente apagou o vídeo de suas redes sociais. Imagem indisponível , é o que aparece quando se tenta assistir ao vídeo.
De acordo com reportagem de Bruno Bohnenberger, da CBN, que esteve no local, as atividades estão normais e não existe risco de falta de produtos. A direção da Ceasa ressaltou ainda que não há risco de desabastecimento na cidade, nem no estado, pelo contrário: há, inclusive, produtos em excesso por causa da baixa procura em meio à pandemia do novo coronavírus. Alguns comerciantes relatam melhora nas vendas.
Funcionários da Ceasa também desmentiram a farsa de Bolsonaro. Eles disseram que as imagens mostradas por Bolsonaro no vídeo eram falsas. Elas foram realizadas no sábado, dia em que a central normalmente está vazia, com poucos produtores e poucos compradores e que não tem nada a ver com desbastecimento. A própria Ceasa oficialmente desmentiu Bolsonaro e garantiu que não há falta de produtos em sua sede. Ou seja, Bolsonaro está querendo criar um clima de conflagração na sociedade.
Esta falsificação grosseira de Bolsonaro é criminosa. Ele tenta criar na sociedade um clima de pânico e acusa prefeitos e governadores de estarem provocando um desbastecimento inexistente e mentiroso. O twitter já havia banido mensagens de Bolsonaro incitando a população a abandonar o isolamento social por considerá-las um risco para a vida das pessoas. Ao mesmo tempo que tentar criar esse clima de pânico e terror na sociedade, Bolsonaro retém os recursos já liberados pelo Congresso Nacional para fazer frente às necessidades emergenciais dos trabalhadores informais e desempregados.
Na terça-feira ele já havia falsificado um outro vídeo com declarações do diretor geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhano, para tentar reforçar sua posição genocida de deixar milhares de pessoas morrerem com o afrouxamento das medidas protetivas recomendadas pelas autoridades sanitárias. Bolsonaro suprimiu a parte do vídeo em que o diretor da OMS afirmava que os trabalhadores informais tinham que ficar em casa e os governos tinham que garantir a sua renda. Ele foi desmentido pelo próprio diretor do órgão.
A Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), responsável pela administração da Ceasa, divulgou uma nota de esclarecimento.
Leia na íntegra:
“A Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa) esclarece que desde o dia 12 de março – quando foi decretada pelo Governo do Estado a situação de emergência em saúde pública em razão do surto de doença respiratória causada pelo Coronavírus (Covid-19) – segue monitorando, diariamente, as ações da Ceasaminas e afirma que o fluxo de abastecimento segue normal.
Ontem, 31 de março, circulou pela internet um vídeo indicando o desabastecimento no entreposto da Grande BH, localizado Contagem. A Seapa afirma que a informação é inverídica. A limpeza do Mercado Livre do Produtor (MLP), local em que o vídeo foi gravado, é realizada todas as terças, quintas e sextas-feiras, no período da tarde, e aos finais de semana. Não é permitido no momento da limpeza a permanência das caixas com os alimentos.
Informamos, ainda, que a Secretaria e suas vinculadas (Emater-MG, Epamig e Instituto Mineiro de Agropecuária – IMA) estão realizando o monitoramento da produção agropecuária no Estado, visando identificar possíveis impactos no processo de produção e abastecimento de alimentos. O levantamento e a sistematização das informações serão acompanhados semanalmente e atualizados uma vez por mês.
O relatório da segunda quinzena de março, apresentado ao Comitê Extraordinário Covid-19, aponta situação de normalidade, sinalizando não haver impacto significativo da pandemia, nas produções dos principais grãos (soja, milho, feijão e sorgo); café, frutas e olerícolas; e carnes (bovina, suína e aves). O levantamento está disponível no site da Seapa (https://bit.ly/341PMFR).”