A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso, defendida por Jair Bolsonaro e seu governo, foi derrotada por 23 votos contra 11 na comissão especial formada na Câmara dos Deputados para analisá-la.
A PEC ainda poderá ser levada para votação no plenário pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mas outro relatório deverá ser apresentado, desta vez orientando votação contrária.
Apenas deputados ligados a Jair Bolsonaro votaram a favor do projeto. O relatório da PEC dizia que a contagem dos votos deveria ser manual e pública.
Mesmo com as ameaças e fake news do governo para tentar aprovar o voto impresso, a maioria dos membros da comissão criticou o projeto, votou contrário e pediu o arquivamento.
Para o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), “o objetivo desta PEC é impedir que as eleições ocorram em bases seguras, é melar as eleições, é gerar desconfiança, é gerar o caos na recontagem nas seções, como o Trump fez nos Estados Unidos”.
Molon criticou as ameaças de Jair Bolsonaro, que chegou a dizer que as eleições de 2022 poderiam não acontecer caso o voto impresso não fosse aprovado.
“Aqui não acontecerá isso, o Congresso não decidirá sob ameaça do presidente da República. Não é nem ele e nem o ministro da Defesa que dizem se o voto será impresso ou não”, disse.
Orlando Silva (PCdoB-SP) também votou contra e pediu o arquivamento da proposta. Bolsonaro está “tentando criar instabilidade política no país, antevendo a derrota, tenta criar um ambiente de violação da democracia”, disse.
Ele também rejeitou as ameaças de Bolsonaro e seu governo e falou que “as eleições no Brasil são definidas pela Constituição Federal”.
O deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), líder do Movimento Brasil Livre (MBL), também votou contra a proposta.
“Fui a favor até 2018, com receio de que a influência do PT no STF e TSE desse margem para fraude. De 2014 para cá, diversos ministros petistas presidiram o TSE, e o fato é que nunca houve fraude”, disse em suas redes sociais.
“Pelo contrário: PT levou uma surra em 2016 e 2018. Bolsonaro e sua família se elegeram pelo sistema eletrônico. Agora, com popularidade em queda e investigações avançando, tenta desacreditar o sistema que o elegeu para justificar a derrota. Isso é preparar campo para golpe”.
“Apesar do choro e ranger de dentes do gado, o voto impresso será derrotado, os bolsonaristas serão desmoralizados e as eleições ocorrerão normalmente. PS: curioso notar que Bolsonaro não vociferou contra as eleições de 2020, em que ele não conseguiu eleger nem vereador”, completou.