O deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por ameaças golpistas, vai receber a Ordem do Mérito do Livro, da Biblioteca Nacional, das mãos de indicados por Jair Bolsonaro.
A honraria já foi entregue aos insignes sociólogo Gilberto Freyre, autor de Casa-Grande e Senzala, e ao escritor Carlos Drummond de Andrade, um dos mais influentes poetas do século passado, mas agora homenageia criminosos.
A concessão da medalha é um acinte, um desrespeito à memória de pessoas, como Freyre e Drummond, que prestaram relevantes serviços culturais, sociais e políticos ao povo brasileiro. Ao contrário de Silveira, defensor da ditadura, do golpismo, inimigo da democracia e ídolo de milicianos e corruptos. É um brucutu apologista das armas e não de livros.
Daniel Silveira também destruiu uma placa em homenagem à vereadora barbaramente assassinada, Marielle Franco.
O deputado bolsonarista é o relator de um projeto que amplia o “excludente de ilicitude”, isto é, licença para que criminosos fardados possam matar sem serem incomodados pela Justiça.
A Biblioteca Nacional não divulgou a lista completa dos que receberão a Medalha Biblioteca Nacional, mas afirmou que os nomes foram escolhidos pelo presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Luiz Carlos Ramiro Júnior, que chegou ao cargo por ser apoiador de Jair Bolsonaro, e pelo secretário Especial de Cultura, Hélio Ferraz de Oliveira.
Além de Daniel Silveira, receberão a Medalha o ex-secretário de Cultura Mário Frias, o ministro do Turismo, Carlos Alberto Gomes de Brito, a esposa de Jair Bolsonaro, Michelle Bolsonaro, e a presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Larissa Peixoto. Em suma, é a panelinha bolsonarista que será contemplada pela honraria.
Ao todo 200 pessoas serão homenageadas por conta do bicentenário da Independência.
Daniel Silveira foi condenado a 8 anos e 9 meses de prisão pelo STF por defender um golpe e ameaçar os ministros da Corte. Ele açulou em vídeo a invasão do STF, pegar ministros do tribunal, degolar e jogar na lata de lixo.
O placar no plenário foi de 10 a 1. Jair Bolsonaro concedeu perdão presidencial ao criminoso.
Daniel Silveira disse que “é uma honraria muito grande porque é em homenagem aos 200 anos da… É uma coisa que vale muito a pena”.
A indicação de Larissa Peixoto para a Presidência do Iphan foi denunciada como irregular por ela “não possui qualificação compatível (…), pois não preenche técnica e moralmente nenhum dos requisitos exigidos”, segundo o deputado Marcelo Calero (Cidadania-RJ).
A ex-presidente do Iphan, Kátia Bogéa, foi demitida por Jair Bolsonaro porque Luciano Hang, o “véio da Havan”, pediu. Hang falou que uma de suas construções foi paralisada porque houve achados arqueológicos no terreno, mas não era nem mesmo o Iphan que estava controlando o caso.
Larissa Peixoto foi indicada exatamente por não ter formação na área de atuação do Iphan – ela é especialista em hotelaria – e, cumprindo ordens de Jair Bolsonaro, atua para a destruição do órgão.
MÉRITO INDIGENISTA
Jair Bolsonaro recebeu das mãos de seu ministro da Justiça, Anderson Torres, a Medalha do Mérito Indigenista, que antes era entregue para pessoas com destacado papel na proteção dos direitos indígenas. Bolsonaro é declarado inimigo dos indígenas e de seus direitos.
Antes mesmo de assumir a Presidência, Bolsonaro anunciou que “no que depender de mim, não tem mais demarcação de terra indígena”. Além disso, quer legalizar a invasão dessas terras.
Enquanto presidente, Jair Bolsonaro se recusou a proteger os povos indígenas da pandemia de Covid-19, apesar da explosão de casos e de mortes. Diversas lideranças denunciaram que as contaminações estavam acontecendo por conta da invasão por parte de grileiros e mineradores ilegais.
Ele ainda falou que o indigenista Bruno Pereira Araújo e o jornalista Dom Phillips estavam em uma “aventura” quando foram brutalmente assassinados no Vale do Javari, região de Terra Indígena, mas marcada pela crescente violência, pelo tráfico de drogas e pela grilagem. O governo Bolsonaro destruiu a atuação da Funai para favorecer esses grupos malfeitores.