Mais uma leva de funcionários públicos se somou à intensa mobilização dos servidores federais, que cobra de Bolsonaro reajuste salarial e protesta contra o corte de recursos de órgãos como a Receita Federal, o desmonte do serviço público e à política discriminatória assumida pelo governo que deixa mais de 90% do funcionalismo sem qualquer perspectiva de aumento ou benefícios.
No último dia 30, juntando-se aos cerca de 1.500 auditores fiscais que entregaram cargos de chefia no mês de dezembro, 63 conselheiros e suplentes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) também encaminharam carta coletiva à presidência do órgão afirmando que não participarão das sessões de julgamento do colegiado previstas para janeiro de 2022.
O Carf é responsável por julgar disputas que tratam de bilhões em dívidas à União, de contribuintes multados pela Receita Federal. Para janeiro, estava previsto o julgamento de 408 ações envolvendo instituições e empresas como a Igreja Universal, o banco Itaú e a Vale.
Além de cobrarem tratamento igual ao que vem sendo dispensado por Bolsonaro aos policiais federais, que já garantiu no Orçamento de 2022, R$ 1,7 bilhão para reajuste da categoria que ele considera sua base eleitoral, os conselheiros cobram do governo a regulamentação do bônus por eficiência.
“Os policiais estão sendo reconhecidos. Parabéns para eles, que têm um ministro da Justiça que luta por eles. Queríamos nós um ministro da Economia que fizesse o mesmo”, diz o presidente do Sindifisco Nacional, que representa os auditores, Kleber Cabral. “A adesão dos conselheiros é muito expressiva e muito sintomática de que realmente houve essa gota d’água”, disse.