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“Tiraram isso do papel, mas a vida é feita de corpo e alma. Tiraram o corpo, mas permanece a alma. De vez em quando, no meio das discussões, se fala que o movimento sindical será representado pelas centrais. E quando se fala isso, vai para o saco a unicidade sindical”, afirmou o dirigente sindical durante a reunião do 4º Conselho da CTB
Convidado especial para falar aos delegados do 8º Conselho Nacional da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Moacyr Auesvald, presidente da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores), declarou que “tem tido conversas memoráveis com Adilson, presidente da CTB”, e que a relação privilegiada entre as duas centrais tem possibilitado a defesa do sistema confederativo e da unicidade sindical e “ainda vai dar muitos mais frutos”.
Para Moacyr, “o movimento sindical deve se concentrar em reformas que recuperem o que os trabalhadores perderam nos governos Temer e Bolsonaro, no fortalecimento dos sindicatos, na negociação coletiva e na contribuição de toda categoria para o sustento da luta dos trabalhadores”. “Nossa representatividade não se mede pelo número de associados que temos. Nós representamos toda categoria, todos os trabalhadores indistintamente”, esclareceu. Intensamente aplaudido, defendeu a primazia dos sindicatos na negociação coletiva, a volta da interatividade, ou seja, a vigência do acordo anterior enquanto não se chega a um novo acordo, o direito ao sindicato pedir dissídio à Justiça do Trabalho”. Moacyr lembrou as conquistas trabalhistas da Constituição Cidadã e que é dever dos mais novos sustentá-las.
CARLOS PEREIRA
Leia o pronunciamento na íntegra:
A pandemia demonstrou o valor do trabalhador brasileiro. Sem nós, a máquina para. Junto com esse trabalho, tivemos as eleições presidenciais. Nós viramos essa página. Os trabalhadores retornaram com Lula à presidência da República, apesar de nossos adversários usarem a bandeira nacional para confundir nossa gente. Já para o Congresso Nacional, deixamos a desejar. Não fizemos o dever de casa. Passamos (para os deputados federais e senadores) procuração assinada em branco para quem não merecia. Mas o nosso presidente Calixto sempre dizia: “o movimento sindical é uma chama que ninguém vai apagar”. Essa chama está aqui, a gente lutando, trabalhando para achar a saída para esse país. Os grandes empresários não acreditam mais no Brasil. Só querem saber de transferir o seu capital.
Essa parceria que estamos construindo com a CTB me deixa na certeza que estamos no caminho certo. Temos discutido muito com o Adilson. Temos tido discussões memoráveis. O respeito ao artigo 8º – que consagra a unicidade sindical e o sistema confederativo – que impede mais de um sindicato por categoria na mesma base territorial, assim como mais de uma federação e confederação. Foi um paradigma que quebramos. Hoje não se fala mais em revogar o artigo 8º. Também se falava que a cúpula da estrutura sindical eram as centrais (na verdade, três centrais). Hoje, o documento das centrais fala que o sistema sindical brasileiro é o sistema confederativo e das centrais, conforme a lei.
Entendemos que são de suma importância as centrais. Cuidam do salário mínimo, da previdência social, da questão energética e de “n” questões. Mas na negociação coletiva temos que valorizar o sindicato. O sindicato é peça fundamental. A pirâmide não pode ser construída de cima para baixo. Temos que valorizar a base. O sindicato, a federação, a confederação!
Nós estamos brigando com o danado desse Conselho de autorregulação. Quer implodir o movimento sindical ao colocar que só as centrais (as três centrais), estariam representadas. Tiraram isso do papel, mas a vida é feita de corpo e alma. Tiraram o corpo, mas permanece a alma. De vez em quando, no meio das discussões, se fala que o movimento sindical será representado pelas centrais. E quando se fala isso, vai para o saco a unicidade sindical. Quando fala que tem que ter representatividade, me arrepio todo. Nossa representatividade não se mede pelo número de associados que temos. Nós representamos toda categoria, todos os trabalhadores indistintamente. não que sejamos contra ter associados. Quem gosta, quem não gosta, quem nos chama de ladrões, quem xinga nossa mãe. Nisso consiste a unicidade sindical. Vem gente lá de fora conhecer nosso sistema e nós não valorizamos isso. Nós não somos um clube, que só representa os associados.
Em vez dessas reformas, devemos nos concentrar em outras reformas, recuperar o que perdemos. Tenho discutido isso muito com o Adilson. Defesa intransigente e permanente da unicidade sindical. Defesa do custeio, que agora está assegurado. É constitucional. Autonomia de nossas assembleias. Melhor definição no governo do que significa comum acordo com os patrões. É uma loucura. Temos que reverter isso. É como eu bater no seu carro e você precisar de minha autorização para cobrar na Justiça seu prejuízo. A ultratividade. Entrar numa negociação sem garantia do acordo passado enquanto não se chega a um novo é um absurdo. Estabilidade para dirigente sindical. Uma base grande e só sete dirigentes são insuficientes para dar conta. Convenção 151, direito de negociação garantido para o servidor público.
Quem daqui já estava no movimento sindical e ajudou a construir a Constituição Cidadã? Pois bem, foi essa velharada que levantou a mão, fomos nós, o movimento sindical, que conseguimos segurar o 13º, as férias, o salário mínimo, a jornada de 44 horas semanais, as férias de 30 dias, que nós não tínhamos, ⅓ do 13%, estabilidade para mulher gestante, seguro desemprego, aposentadoria e pensões, normas de segurança no trabalho etc. Essa meninada que está aqui tem obrigação e o respeito para darem continuidade a essa luta. Senão, que vão dizer para seus filhos quando eles perguntarem porque não tem mais 13º, férias carteira assinada?
Adilson, muito obrigado pelo convite e pode ter certeza que esta reunião vai dar muitos frutos para a CTB, para a NCST e para o futuro de todo movimento sindical.