Aos gritos de Justiça, o corpo de João Alberto Silveira Freitas, foi sepultado no fim da manhã deste sábado no cemitério municipal São João, na Zona Norte de Porto Alegre, próximo à unidade do supermercado Carrefour onde ele foi espancado até a morte por dois seguranças brancos na noite de quinta-feira.
Ele foi enterrado com uma bandeira do São José, time do qual era torcedor, e também foi aplaudido na hora do sepultamento.Um cortejo de centenas de manifestantes levou o corpo de João Alberto para o cemitério onde ele foi velado. O sepultamento foi fechado a amigos e familiares e contou com a presença de mais de 50 pessoas.
Beto, como era conhecido, foi agredido por cerca de cinco minutos pelos dois homens. Segundo a polícia, a causa da morte foi asfixia. Um dos seguranças o enforcou com o joelho por três minutos.
O Samu foi acionado, mas ele morreu no local. Os dois homens foram presos em flagrante e devem responder por homicídio triplamente qualificado.
CARREFOUR
Segundo Flávio Jones, primo de Beto, a família tomará as medida cabíveis em relação a morte da vítima. “Não vai trazer de volta, nunca. Mas impune o Carrefour não pode ficar”, disse. “A pergunta principal que eu me fiz foi: se fosse uma pessoa branca ali, eles iriam espancar até a morte? Eu acho que é uma pergunta que muita gente deve estar se fazendo. Acredito que não ia ter o mesmo destino”, declarou.
O pai da vítima, João Batista Rodrigues Freitas, de 65 anos, lamentou o crime e disse que foi puro racismo. “Aquilo foi premeditado. Com uma pessoa branca, de olhos azuis, não acontece essas coisas”, disse durante a manhã deste sábado.
João Batista disse que recebeu um telefonema de uma pessoa que se dizia ser do Carrefour, mas não soube confirmar, oferecendo uma proposta financeira. Ele respondeu que vai procurar a Justiça. “Espero que a Justiça trate de uma maneira financeira que eu possa dar uma explicação para os meus netos. Qualquer coisa que eu vá receber na Justiça, será em torno deles. Eu vou trabalhar em torno dos meus netos. Isso é o que eu espero da Justiça”, completou.
O pai da vítima relembrou os últimos momentos ao lado do filho. João Batista contou que viu o filho pela última vez na quinta-feira durante o dia. “Nós fomos até a casa onde eu moro e lá nós conversamos sobre um utilitário que eu queria comprar. Mas depois fui surpreendido com isso que vocês já sabem”, lamentou.
MANIFESTAÇÕES
Protestos antirracistas foram registrados em Porto Alegre (RS) e em outras capitais brasileiras, na sexta-feira (20), após a morte de João Alberto Silveira Freitas. Em Porto Alegre, milhares de manifestantes fizeram um ato em frente ao Carrefour onde o homem negro foi assassinado.
No Rio de Janeiro e em Brasília, manifestantes entraram em unidades da rede de supermercado.Na capital paulista, a Marcha da Consciência Negra, que já estava marcada, teve seu trajeto alterado para ir à frente de uma unidade do Carrefour na Rua Pamplona.
“Outra vida negra perdida”, lamenta o piloto Lewis Hamilton
O piloto britânico Lewis Hamilton, da Mercedes, usou suas redes sociais neste sábado para se manifestar sobre a morte de João Alberto Silveira Freitas, assassinado por dois seguranças em um supermercado da rede Carrefour, em Porto Alegre.
O heptacampeão mundial de Fórmula 1 postou stories com uma foto de um dos protesto ocorridos nesta sexta-feira e dizeres sobre o ocorrido.”Devastado por ouvir essa notícias. Outra vida negra perdida. Isso continua acontecendo e vamos lutar para que acabe. Enviando todos os meus pensamento e orações para o Brasil. Descanse em paz João Alberto Silveira Freitas”, escreveu o piloto em sua conta no Instagram.
Lewis Hamilton tem sido voz ativa nos protestos antirracistas “Black Lives Matter”. Durante a atual temporada da Fórmula 1, por diversas vezes ergueu o punho, expressando dessa e de várias maneiras e em diferentes ocasiões a sua preocupação com a causa.