Ofensas ao TSE objetivam criar clima para golpes na democracia
Jair Bolsonaro está cada vez mais destemperado – mais do que já é – com o andar das revelações feitas pela CPI da Pandemia. Os escândalos de corrupção na compra de vacinas, que ele não consegue mais esconder de ninguém, estão provocando reações completamente fora dos limites da civilidade.
Depois de dizer que está “cagando” para a CPI e para os senadores, ele agora agride o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dizendo que ele seria “idiota” e “imbecil” por defender a lisura das urnas eletrônicas. As baixarias foram ditas nesta sexta-feira (9) a seguidores na saída do Palácio da Alvorada.
“Se nós queremos uma maneira a mais para mostrar transparência, porque o Barroso é contra? Ministro do Supremo Tribunal Federal, uma vergonha um cara desses estar lá”, disse ele, sobre as opiniões de Barroso.
Bolsonaro não tem nenhuma criatividade. Ele está apenas macaqueando seu guru, Donald Trump, que, ao vislumbrar a derrota eleitoral, também desferiu ataques contra o sistema de votação americano. De nada adiantou, só deu vexame antes de sair da Casa Branca.
Na esteira do que disse o senador Omar Aziz, segundo o qual Bolsonaro conversa com o espelho e sai agredindo, o capitão cloroquina destilou seu veneno contra Barroso: “não é porque ele defende aborto não, não é porque ele quer defender redução da maioridade por estupro de vulnerável. Com 12 anos de idade, tenho uma de 10 em casa, isso não é estupro, pode ser consentindo, segundo a cabeça dele. Um cara que quer liberar as drogas, um cara que defendeu um terrorista assassino italiano, Cesare Battisti, esse é o perfil de Barroso que está à frente das eleições”, disse.
Revelando bem quem é o criminoso nessa história toda, o mandatário literalmente ameaçou o ministro de morte. “Um cara desses tinha que estar em casa”. Um dos presentes o interrompe dizendo que, na verdade, Barroso deveria estar na cadeia. O presidente continua: “Se bobear, num outro lugar. Nós não podemos deixar acontecer as coisas para depois tomar providências. Recado para os brasileiros: lutem pela sua liberdade. Não queiram, que um homem sozinho resolva os seus problemas. O que eu estou querendo é transparência”, justificou. Um claro incentivo ao crime.
Toda a fala de Bolsonaro já é de quem não vislumbra mais possibilidade de vitória eleitoral. Aliás, é o que mostra a pesquisa Datafolha desta sexta-feira (9), todo mundo derrota Bolsonaro no segundo turno.
Por isso ele está tentando impor sua aventura golpista. Para isso tem que inventar mentiras contra o presidente do TSE.
“Daí vem o Barroso com a história esfarrapada dele, entre outras né?, dizer que o voto em papel, que se o João for votar lá no interior do Ceará e gripou a maquininha. Podem gripar sim, daí o mesário vai lá e vai ver que o João votou em tais candidatos. ‘Isso desqualifica as eleições porque fere o sigilo do voto.’ É uma resposta de um imbecil. Eu lamento falar isso de uma autoridade do STF. Só um idiota para fazer isso aí. O que está em jogo, pessoal é o nosso futuro e a nossa vida. Não pode um homem querer decidir o futuro do nosso Brasil na fraude”, afirmou.
Ou seja, ele parte do princípio de que, se perder, houve fraude. É típico discurso de perdedor.
“Já tá certo quem vai ser presidente o ano que vem. A gente vai deixar entregar isso? Queremos transparência. Acho que, a cada dia que passa, vocês estão se conscientizando mais. O que está em jogo… Como é que justifica um país que tem tudo, viver grande parte da população na miséria? Viverem 20 milhões de pessoas com programas sociais. Não se justifica. Então, nós temos que conscientizar quem está do nosso lado. Se as eleições, essa eletrônica, seu Barroso, fossem honestas, por causa da tecnologia, por que o mundo não adota isso aí? Será que somos os melhores da tecnologia? Está na cara que aqui, (isso é para) voltar a quadrilha de sempre ao poder”, concluiu.
As autoridades constituídas precisam mostrar para esse arruaceiro que no Brasil existe uma Constituição a ser seguida caso contrário punição conforme determina as leis.