Ele é sócio-proprietário da empresa Primarcial Holding e Participações e diretor institucional da Precisa Medicamentos — empresa que representou a indiana Bharat Biotech no contrato para compra dos imunizantes indianos Covaxin para a Saúde
Os senadores apresentaram, nesta quinta-feira (23), à CPI da Covid-19, fluxogramas de diversas empresas de Francisco Maximiano, dono da Precisa, e de Danilo Trento, que fariam transferências entre si, apontando possível esquema de lavagem de dinheiro. Trento foi ouvido nesta quinta-feira (23) pelo colegiado.
Ele é sócio-proprietário da empresa Primarcial Holding e Participações e diretor institucional da Precisa Medicamentos — empresa que representou a indiana Bharat Biotech no contrato para compra dos imunizantes indianos Covaxin para o Ministério da Saúde.
O empresário, que não prestou compromisso de dizer a verdade, negou ter havido pedido de interferência do presidente da República, Jair Bolsonaro, ou do líder do governo da Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR) para a aquisição da vacina indiana.
Ele compareceu à CPI protegido por habeas corpus concedido pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
LAVAGEM DE DINHEIRO
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) chegou a sugerir a prisão do depoente por extrapolar o direito de permanecer calado, como ao se negar a dar a informação sobre o endereço de sua própria empresa. Depois de advertido, o depoente respondeu.
O relator Renan Calheiros (MDB-AL) constatou então que a Primarcial fica no mesmo endereço de outras empresas de Maximiano, dono da Precisa: na Av. Brigadeiro Fernandes Lima, no bairro Jardim Paulistano, em São Paulo.
Ao questionar Trento se a Primarcial é usada para adquirir imóveis ou outros bens para empresas de Maximiano — o que também não foi respondido — o relator disse que a CPI tem meios de comprovações documentais.
Também foi apresentado durante o depoimento fluxograma em que a Primarcial e a empresa Berlim fariam transferências entre si. A Berlim recebeu, segundo Renan, R$ 4,7 milhões e transferiu R$ 5,6 milhões à Primarcial. O mesmo acontecia com a empresa 6M, de Maximiano, que transferiu R$ 15,9 milhões e recebeu R$ 11,7 milhões da Primarcial.
“As datas são as mesmas. O dinheiro transita entre as empresas no mesmo dia”, comentou Renan.
O fluxograma, na qual também aparece a empresa x Internet, entre outras, é uma forte característica de lavagem de dinheiro, segundo o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o qual apontou transferência de recursos para o estado de Wyoming (EUA), que é paraíso fiscal.
REQUERIMENTOS
A CPI aprovou, nesta quinta-feira, a quebra de sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático de Danilo Trento e do irmão dele Gustavo Trento.
A CPI aprovou requerimento para ouvir na próxima terça-feira (28) a advogada Bruna Morato. Ela representa os médicos da Prevent Senior que elaboraram um dossiê sobre irregularidades no tratamento de pacientes com Covid-19.
Foi aprovado ainda requerimento do relator Renan Calheiros convocando o empresário Luciano Hang, que deve ser ouvido na quarta-feira (29).
INFORMAÇÕES À CPI
A comissão aprovou também requerimento de informações, encaminhado à Casa Civil, sobre o processo de solicitação de exoneração de Roberto Dias, ex-diretor do Ministério da Saúde.
Em outubro de 2020, o então ministro Eduardo Pazuello enviou à Casa Civil, que era chefiada pelo ministro Braga Netto, solicitação de exoneração do servidor por indícios de irregularidade. No entanto, Dias foi mantido no cargo.
Em junho deste ano, o policial militar Luiz Paulo Dominguetti denunciou pedido de propina feito por Roberto Dias. O diretor teria cobrado um US$ 1 por dose da vacina AstraZeneca vendida ao Ministério da Saúde.
Só então, Roberto Ferreira Dias foi demitido do cargo. Depois disso, a CPI levantou informações sobre a participação de Roberto Dias nas negociações com a Precisa Medicamentos, intermediária da vacina indiana Covaxin.
M. V.