O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou durante depoimento para a CPI da Pandemia que uma pergunta feita pelo senador Ciro Nogueira (PP-AL) foi escrita pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria.
O ministro Faria enviou por engano a pergunta para Mandetta, na segunda-feira (3), mas logo em seguida apagou a mensagem.
“Ontem eu recebi essa pergunta, exatamente nessa íntegra, do ministro Fábio Faria. Eu acho que inadvertidamente mandou para mim a pergunta e quando eu ia responder ele apagou a mensagem. Então eu vou responder para o senhor e para o meu amigo, que foi parlamentar comigo, ministro Fábio Faria”, disse Mandetta.
A pergunta feita por Ciro Nogueira era sobre a orientação dada pelo ex-ministro de que as pessoas que apresentassem sintomas leves de Covid deveriam se isolar em casa, ao invés de ir para os hospitais.
Mandetta disse que a orientação foi no sentido de que a quantidade de casos de Covid em março e abril, quando ainda era ministro, era baixa e a aglomeração em hospitais, onde pacientes com sintomas graves de Covid estavam internados, poderia aumentar a transmissão.
Fabio Faria publicou um vídeo no Twitter provocando Mandetta e elogiando Ciro Nogueira. O ministro de Bolsonaro não comentou sobre a pergunta que enviou para Mandetta sem querer.
Segundo o ministro das Comunicações, hospitais de campanha que foram desmontados poderiam ter salvado vidas de pessoas que morreram sem atendimento. “Não vi uma palavra quando desmontaram hospitais de campanha”, alegou.
Muito menos o governo federal e o Ministério da Saúde, sob o comando de Eduardo Pazuello, que não falaram nada contra o desmonte dos hospitais de campanha. Simplesmente porque a primeira onda estava no fim e os hospitais de campanha ficaram ociosos, sem pacientes. A não ser que o governo federal tenha interesse em gastar dinheiro público com hospitais emergenciais vazios.
Ciro Nogueira, que é aliado de Jair Bolsonaro desde que este começou a leiloar cargos federais em troca de apoio no Congresso Nacional, faz parte da “tropa de choque” que está tentando impedir as investigações da CPI. Ele negou que tenha recebido orientação do Planalto.
Entretanto, pelo menos cinco requerimentos de depoimentos apresentados por Nogueira à CPI foram escritos por uma assessora da Secretaria de Governo.
Nos chamados “metadados”, que são informações ocultas sobre quando o documento foi criado e por quem, consta o nome de Thais Amaral Moura, que é assessora da Secretaria.
Os requerimentos eram para que a CPI ouvisse pessoas que são favoráveis ao uso indiscriminado de cloroquina, mesmo que as pesquisas feitas no mundo todo mostrem que a substância não tem efeito contra o coronavírus.
Thais Amaral Moura também escreveu alguns requerimentos apresentados pelo senador Jorginho Mello (PL-SC).
Luiz Henrique Mandetta foi ouvido pela CPI por ter sido ministro da Saúde nos primeiros meses da pandemia. Ele foi demitido por defender o distanciamento social como ferramenta contra a propagação do coronavírus.