Entidades representativas dos servidores estão aprovando em assembleias nesta semana adesão total à mobilização convocada pelo Fórum Nacional das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) em defesa da reposição salarial do funcionalismo.
“O momento de protestar é agora, dia 18 de janeiro”, conclamou Rudinei Marques, presidente do Fórum Nacional das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate). “A maior parte dos servidores está com os salários congelados desde janeiro de 2017, período em que a inflação já comeu 27% do poder aquisitivo dos salários”, afirmou.
Em assembleia geral, nesta quarta-feira (12), o Sindicato Nacional dos Auditores e Técnicos Federais de Finanças e Controle (Unacon Sindical) também aprovou a paralisação e denunciou que nos últimos anos a política do governo, de redução do Estado, com a implementação da modalidade de trabalho com contratos temporários, redução de salário, reforma administrativa, aliado a medidas aprovadas anteriormente como a Emenda Constitucional 95 (que congelou os investimentos públicos até 2036), aponta para o desmonte, para o arrocho do funcionalismo.
“Essa situação vem causando a indignação dos servidores, que teve como estopim a proposta de Bolsonaro de dar reajuste só para as carreiras policiais. Já estávamos sentindo isso no bolso e, no final do ano passado, o governo propôs um aumento restrito para a segurança pública. Isso foi o estopim”, afirmou Bráulio Cerqueira, presidente do Sindicato.
“Não vamos aceitar essa discriminação. Um reajuste diferenciado sem nenhuma fundamentação técnica, nada. Isso foi o estopim e trouxe à tona a indignação dos servidores públicos. Vamos defender os salários. E isso não tem nada a ver com ‘privilégio’, como sustenta o governo. O fato é que estamos sofrendo na pele e estamos tendo perdas salariais que podem chegar a 30%, só neste governo”, continuou Bráulio.
O Unacon destaca que “o momento agora é de união da nossa carreira com as demais categorias do serviço público. Não é ‘salve-se quem puder’. Precisamos de unidade para fortalecer a luta sindical”, disse Bráulio.
Rudinei, também presente na assembleia, lembrou que se o governo Bolsonaro não conceder reajuste esse ano para o funcionalismo, será o primeiro presidente em 20 anos a não fazer. “Agora é o momento de colocar gente na rua. Todo o funcionalismo federal aprovou o nosso calendário. Será o primeiro presidente a não dar reajuste e tem que ser responsabilizado por isso”, disse Rudinei.
MOBILIZAÇÃO
As entidades representativas dos servidores públicos, que compõem o Fonacate, aprovaram no fim do ano passado um calendário de lutas em defesa do reajuste salarial e da qualidade do serviço público. Algumas categorias já estão em movimento de mobilização e realizam a chamada “operação-padrão”, como é o caso dos auditores da Receita Federal, dos servidores da pasta de Meio Ambiente e do Banco Central.
“Já estamos com a adesão dos sindicatos de carreira, assim como dos sindicatos da educação, da saúde, e diversas outras que compõem a Condsef e o Fonasefe. Se a gente não gritar, se a gente não se mobilizar, é reajuste zero, até 2024. Se não tiver nada agora são mais dois anos, no mínimo, sem reposição”, disse Bráulio.
O presidente da Unacon lembrou que o governo Bolsonaro tenta se livrar da culpa pela falta de reajuste ao usar como justificativa que a reposição aumentaria a inflação. “A resposta do governo foi uma resposta mentirosa. Primeiro que o governo estava de férias, e Guedes voltou a falar mentiras de sempre. Disse que se der reajuste a inflação vai aumentar. A inflação já aumentou e não tem nada a ver com a demanda, não tem nada a ver com o salário dos servidores, que só nesse governo as perdas podem chegar a 30%”, disse o presidente do Unacon.
REAJUSTE ZERO
Bráulio destacou, ainda, que o governo Bolsonaro sequer respondeu ao pedido de abertura da mesa para a negociação dos salários e que a postura do secretário do Tesouro e de Guedes é não conceder reajuste para nenhuma categoria, nem mesmo a dos policiais conforme prometido por Bolsonaro. “Não vamos aceitar diferenciação no serviço público, e a solução não é o congelamento”, disse.
“Se desse um aumento de 10% para todo o funcionalismo, as despesas do governo iriam para o mesmo patamar de dezembro de 2019. Isso não tem nada a ver com recurso ou inflação e sim com uma política de diminuição do papel do Estado. O salário dos servidores é apenas uma parte da implementação desse projeto”, denunciou Bráulio.
Após a aprovação da assembleia para a adesão ao calendário de mobilizações proposto pelo Fonacate, Bráulio afirmou que a categoria já buscou todos os meios para abrir diálogo com o governo, sendo o próximo passo a continuidade de diálogo com o Congresso Nacional, na volta do recesso, e a construção das mobilizações.
“Já fizemos o que tinha para ser feito, dentro do governo. Então dia 18 será o primeiro Dia Nacional de protesto. Estamos organizando dois momentos de concentração. No Banco Central, às 10 horas, e no Ministério da Economia, às 14 horas, onde fica o gabinete de Guedes. O momento é de união. União dos serviços públicos e essa discussão vai continuar porque o debate agora entrou na agenda política”, conclamou.