O Conselho Regional de Medicina do Estado do Pará (CRM-PA) informou que vai apurar a conduta de um médico de Belém que, após o parto de um bebê, filmou uma família, coagindo-a votar em Jair Bolsonaro. Na imagem, compartilhada pelo assediador nas redes sociais, ele mostra a mãe, que havia acabado de dar à luz, ainda na maca, e pede que ela e o marido que declarem voto no ’22’.
“Eu sou Gael, já nasci 22 e vou votar no Bolsonaro… Eu vou começar a reclamar aqui no hospital para diferenciar o negócio do pai, eles botam uma roupa vermelha… O doido não vem dizer que vai votar no Lula… Rapaz, tu quer que eu vá já embora e nem opere ela”, diz o médico ao casal, poucos segundos após o bebê vir ao mundo.
O médico, que é obstetra, foi identificado como Allan Henrique Fernandes Rendeiro e atende na Maternidade do Povo, em Belém (PA). Na sequência, Rendeiro insiste na intimidação e repete para os dois que eles devem votar no candidato da extrema direita.
“Essa aqui é a mamãe do Gael, dia 30 ela vota 22… Vou mandar pro Bolsonaro esse vídeo, que ele está em uma live especial”, repete o médico, e a mãe vira o rosto com ar de constrangimento e concorda com ele.
A roupa vermelha a que se refere o médico é parte do traje exigido para a entrada na maternidade, segundo o próprio.
As imagens repulsivas foram divulgadas por Rendeiro em suas redes sociais, mas como todo covarde, após a repercussão negativa, foram apagadas, o que não adiantou.
O CRM informou que teve conhecimento da imagem e vai investigar. “O Conselho Regional de Medicina do Estado do Pará esclarece que efetivará todas as medidas legais previstas na Lei nº 3.268/57 e Resoluções do Conselho Federal de Medicina, a fim de apurar o fato”, diz o órgão, em nota.
A Maternidade do Povo, onde ocorreu o parto, disse que o médico não é funcionário da unidade, porém atende aos pacientes dele na unidade. Informou ainda que não permite propaganda eleitoral por parte dos colaboradores e que havia tomado ciência do caso pelas redes sociais.
Apesar de, até esta terça-feira, não ter recebido denúncia formal do caso, o hospital informou que vai apurar a ocorrência e adotar medidas cabíveis.