Os apoiadores de Roberto Jefferson agrediram neste domingo (23) o cinegrafista Rogério de Paula, da Rede Globo, em Comendador Levy Gasparian, no interior do Rio de Janeiro.
O local é onde o criminoso estava entocado resistindo à ordem de prisão. Após resistir à prisão com tiros e granadas, Jefferson se entregou à polícia na noite deste domingo. Conforme a assessoria de imprensa do Supremo Tribunal Federal (STF), a Corte foi informada da prisão pela PF.
Rogério, de 59 anos, levou um soco, caiu no chão, bateu a cabeça e teve um início de convulsão. A câmera que ele usava quebrou e também atingiu Rogério na cabeça, na mesma região em que ele passou por uma cirurgia neurológica recentemente.
O cinegrafista passa por exames no Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Três Rios. Ele está lúcido e não há sangramento.
A InterTV, afiliada do Globo, informou que vai registrar um boletim de ocorrência na delegacia. O agressor seria um homem de camisa verde.
Policiais militares chegaram a abordar os agressores, mas eles foram liberados em seguida.
A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas do Rio repudiaram o ato de violência contra o profissional da InterTV/Rede Globo.
“A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e o Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro repudiam e condenam mais esse ato de violência contra um trabalhador da mídia. Ao mesmo tempo, cobram das autoridades a apuração e punição do agressor”, dizem as entidades em nota.
Roberto Jefferson teve prisão domiciliar revogada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, a pedido da PF, após ele desferir ataques asquerosos e covardes contra a ministra do STF, Cármen Lúcia.
Na sexta-feira (21), ele desacatou a Justiça, desrespeitou as medidas protetivas (prisão domiciliar condicionada a aceitar restrições) que estavam em vigor e atacou a ministra do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, chamando-a de “prostituta arrombada”.
Aliado de primeira hora de Bolsonaro, Jefferson estava proibido de entrar em redes sociais.
Na manhã deste domingo, ele recebeu a tiros os policiais federais que foram cumprir o mandado de prisão. Foram disparados, pelo menos, 20 tiros de fuzil e duas granadas contra os policiais.
O delegado Marcelo Vilella foi atingido na cabeça e na perna, e uma policial identificada como Karina teve ferimentos na cabeça. Ambos foram atendidos em um hospital da região e já tiveram alta.
“Estou dentro de casa, mas estão me cercando. Vai piorar, vai piorar muito, mas eu não me entrego. Eu vou embora, mas deixo plantado o meu exemplo. Não se entreguem ao ‘Xandão’. Lutem contra a tirania”, disse o provocador miliciano em vídeo.
O ex-deputado tinha porte de armas por ser um CAC (Caçador, Atirador e Colecionador), mas ele estava proibido de possuir armas desde que foi preso. O episódio do uso de fuzis e granadas contra policiais federais mostra que ele desobedeceu também a esta ordem. Aliás, mesmo quem é CAC, não pode possuir granada. Os CACs foram reforçados por decreto de Bolsonaro que ampliou a posse de armas para esse fim.
Segundo informações de O GLOBO, após os ataques à ministra houve a determinação de que ele voltasse ao regime fechado. A ordem partiu do ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito, por descumprimento de ordem judicial.
O jurista Walter Maierovitch, em entrevista à Globonews, esclareceu que Alexandre de Moraes não pediu a revogação da prisão de Jefferson de “ofício” (por iniciativa dele), mas foi “provocado” por pedido da Polícia Federal.
Bolsonaro ataca o ministro frequentemente e instiga ataques contra Moraes. No ano passado, no 7 de setembro daquele ano, ele disse que desacataria as ordens do ministro do STF. “Saia Alexandre de Moraes, deixa de ser canalha”, agrediu em discurso.
Depois voltou atrás com tragicômica “Carta à nação”, escrita por Michel Temer.
“PADRE DE FESTA JUNINA”
O falso padre Kelmon, ex-candidato a presidente do PTB, entregou armas de Roberto Jefferson para a polícia nesta tarde de domingo. Kelmon foi ao local onde Jefferson estava encafuado.
Um vídeo mostra candidato derrotado à presidência pelo PTB levando armamento até agentes que estão na entrada da casa do ex-deputado.
O ex-candidato assumiu a candidatura a presidente pelo PTB após Jefferson ter sido impedido pela Justiça Eleitoral devido às suas condenações.
Kelmon ficou mais conhecido como “padre de festa junina”, quando a candidata do partido União Brasil, Soraya Thronicke, se dirigiu a ele em debate na TV Globo no primeiro turno: “O senhor é um padre de festa junina”.