O ex-deputado federal Eduardo Cunha (MDB-RJ) segue os passos do PT e pede a anulação de sua condenação por corrupção. Ele também usou os documentos divulgados pelo site Intercept Brasil, da “Vaza Jato”, para pedir a anulação da decisão tomada pela Justiça Federal do Paraná.
A defesa do ex-presidente da Câmara, que ficou conhecido pela truculência e por negociatas financeiras criminosas de todos os tipos e gostos, diz que as mensagens “não deixam dúvidas sobre a inequívoca” parcialidade de Moro.
Cunha foi acusado pelo MPF (Ministério Público Federal), entre outras coisas, de ter recebido propina de cerca de US$ 5 milhões entre 2006 e 2012. O valor era ligado a uma articulação para viabilizar a construção de dois navios-sondas da Petrobrás. Os crimes do ex-parlamentar são os de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
O ex-todo poderoso chefe do Parlamento é réu na Justiça Federal do Paraná e está pronto para receber mais uma sentença. O meliante emedebista está preso no Rio de Janeiro desde outubro de 2016 e já foi condenado em outro processo.
No documento, que foi apresentado ao juiz Luiz Antônio Bonat em 9 de outubro, e que foi divulgado em reportagem do site UOL, Cunha alega que Moro foi parcial na condução do processo.
Pegando uma carona no caso Intercpet Cunha pretende passar uma borracha em todas as suas falcatruas e, quem sabe, voltar a presidir a Câmara. Ele deve achar que o episódio Intercept vai levar o povo a esquecer os milhões que ele e sua quadrilha roubaram.
Bonat é o juiz que substituiu Moro no comando da 13ª Vara Federal em Curitiba após o ex-juiz ter aceitado se somar às falanges de Jair Bolsonaro (PSL) indo para o Ministério da Justiça de seu governo. Cunha restabeleceu seu tradicional cinismo e ironizou, através de seu advogados, a opção política de Moro. “Um final de carreira brilhante para o futuro Ministro da Justiça”, disse ele, na petição a Bonat.
Os advogados de Cunha utilizaram três reportagens sobre os dados do Intercept para pedir a anulação de sua condenação. Uma delas aponta que Moro seria contra o acordo de delação de Cunha.
“Rumores de delação do Cunha… Espero que não procedam”, escreveu Moro ao coordenador da força-tarefa no MPF em Curitiba, o procurador Deltan Dallagnol, em julho de 2017. Os advogados dizem que a relação entre os dois é “promíscua”, “ferindo de morte o sistema acusatório”. “A conversa evidencia um nítido e desproporcional desequilíbrio na balança da Justiça.”
Para a defesa, “o que salta aos olhos na mensagem trocada é que, mesmo sem saber o eventual conteúdo e elementos de corroboração a serem apresentados, já havia uma predisposição em não aceitar o citado acordo”. Os defensores apontam que isso comprova “que o ex-juiz Moro era o verdadeiro chefe da força-tarefa”.
Uma segunda reportagem apontou que o ex-juiz instruiu a força-tarefa a não apreender celulares de Cunha. A defesa dá a entender que isso poderia levar o processo para o STF (Supremo Tribunal Federal), já que, como político, o ex-deputado mantinha contato com pessoas com foro privilegiado. As mensagens foram trocadas um dia antes de Cunha ser preso, em 2016.
“Agindo como parte interessada (algo que jamais deveria ser), o juiz fez claramente uma estratégia persecutória, uma gestão de riscos: era melhor não apreender o celular, para não correr o risco de perder a competência”, escreveu a defesa.
Na terceira reportagem, Cunha repete o PT e fala em “vazamento seletivo” de informações para a imprensa. Este vazamento seletivo visaria barrar uma possível soltura de Cunha pelo STF. Em mensagem, Moro teria apontado preocupação com o tema. “Não sei se é verdadeira que haveria uma articulação no STF para soltura do Cunha”, disse o juiz em mensagem de dezembro de 2016. A defesa faz, então, uma relação com o fato de, no dia seguinte, o ministro Teori Zavascki, então relator da Lava Jato na Corte, ter retirado o pedido de soltura de Cunha da pauta.
Leia mais