“Considero que Jair Bolsonaro é o principal responsável pelas mais de 162 mil mortes por Covid-19”, disse ele ao rebater Boulos, que acusou Covas pelos desastres da pandemia
Dez candidatos à Prefeitura de São Paulo participam na quinta-feira (12) do último debate antes da eleição. O destaque inicial, mais uma vez, ficou com Orlando Silva, candidato do PCdoB, que de início fez questão de deixar claro que Jair Bolsonaro é o principal responsável pelo genocídio que se abateu sobre o país.
Ele destacou a sabotagem de Bolsonaro às medidas de combate à pandemia e criticou a tentativa do presidente de impedir o desenvolvimento da CoronaVac pelo governo de São Paulo, em parceria com os chineses.
Orlando apontou a responsabilidade de Jair Bolsonaro pela situação, discordando do candidato Guilherme Boulos (Psol), que aliviou o Planalto e procurou concentrar sua crítica ao governo de São Paulo e em Bruno Covas, que são alvos preferenciais de Bolsonaro.
“Considero que Jair Bolsonaro é o principal responsável pelas mais de 162 mil mortes [por Covid-19] no Brasil. […] Ele celebrou, comemorou o suicídio de uma pessoa, a suspensão das pesquisas de vacina”, disse o candidato do PCdoB.
Orlando já tinha enfatizado isso no debate na Band, há um mês atrás, quando deixou claro que o inimigo principal a ser derrotado em São Paulo era o fascismo de Bolsonaro, representado na cidade por Celso Russomanno.
Agora, depois que Bolsonaro se insurgiu contra a vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan, em parceria com a empresa chinesa Sinovac, e chegou ao cúmulo de comemorar a morte [por suicídio] de um dos participantes dos testes da vacina, o candidato do PCdoB, diferente de Guilherme Boulos (Psol) e de Márcio França (PSB), que silenciaram sobre essas declarações do presidente, foi mais contundente na crítica a Bolsonaro.
A diferença de concepção entre Orlando Silva, que percebe que não deve fortalecer a estratégia de Bolsonaro de atacar Dória e Covas elegendo-os como seus inimigos, e o que fazem Boulos e Márcio França, não passou desapercebida aos analistas políticos mais antenados.
O jornalista e escritor Xico Sá (acima) não deixou passar em branco esse fato em seu comentário nas redes sociais nesta sexta-feira (13): “Louvar o que precisa ser louvado. Orlando Silva fez uma campanha didática, destacando o efeito da desgraça do governo Bolsonaro em São Paulo”, disse ele.
Vera Magalhães, apresentadora do programa Roda Viva (TV Cultura), também destacou que a visão de frente ampla contra Bolsonaro de Orlando se diferenciou dos demais “candidatos da esquerda” que na prática se juntaram a Bolsonaro nas críticas a Dória e Bruno Covas. “Orlando Silva é o mais focado dos candidatos na crítica a Bolsonaro. Os demais candidatos de esquerda focam na dupla Covas-Doria, por entenderem que Russomanno pode ser carta fora do baralho a essa altura”, destacou ela.
Outro momento de destaque do debate foi quando Jilmar Tatto (PT) foi estimulado por Boulos para se posicionar em relação ao seu embate com Celso Russomanno. O candidato do PT disse que não entraria no que ele chamou de “baixaria política” e que ele estava ali para apresentar propostas para resolver os problemas da cidade de São Paulo.
Tatto também rebateu certeiro quando foi provocado por Russomanno. O candidato de Bolsonaro lembrou que “petistas estão pressionando pela retirada de sua candidatura por não estar indo bem nas pesquisas”. Jilmar deu uma invertida em Russomanno. “Logo você, Russomanno, que é mestre em perder eleição, vem falar disso. Você não tem noção. Não se esqueça que você perdeu todas as últimas eleições”, apontou Tatto, provocando risos dos demais candidatos.
Os candidatos da “direita raiz” também elegeram Dória-Covas como alvo. O prefeito e candidato dos tucanos aparou as críticas sem perder a sua tradicional calma. Em alguns momentos ele cravou os adversários da mesma forma que tinha feito no primeiro debate. Este foi o caso da demagogia da candidata do PSL, Joice Hasselmann, que cantarolou uma música de sua propaganda, que a Justiça havia tirado do ar por seu baixo nível, e que versava sobre redução de IPTU.
Ela cobrou que o prefeito se comprometesse a baixar o IPTU. Covas rebateu dizendo que os pobres já são isentos ou pagam muito pouco IPTU e que a proposta da candidata era tirar dos pobres para dar aos ricos. Era reduzir os impostos dos ricos. “O IPTU é o que permite à Prefeitura construir escolas, hospitais, habitações para os mais pobres”, disse ele.
O candidato do Republicanos, Celso Russomanno, voltou a falar nas acusações de empresas fantasmas na campanha de Guilherme Boulos (PSOL). As empresas, segundo Russomanno seriam fantasmas. A Justiça Eleitoral, porém, já determinou que reportagem sobre isso fosse retirada do ar por não refletir a verdade, ponto que foi levantado por Boulos em sua resposta. O candidato do Psol afirmou que Russomanno tenta trazer o gabinete do ódio de Jair Bolsonaro para São Paulo.
Márcio França também aproveitou uma dobradinha com Arthur do Val (Patriota) para questionar viagens do prefeito Bruno Covas. O prefeito teria, segundo os dois, viajado num período de fortes chuvas na capital. Bruno respondeu que em quatro anos tirou 50 dias de férias.
Ao final, Márcio França (PSB) chamou a atenção dos adversários por não estarem usando máscara enquanto não estão falando, como determina a regra do debate. Apenas ele e Andrea Matarazzo (PSD) cumpriam a regra.