Ele denunciou interferência do Planalto nas investigações de corrupção no MEC e conivência de superiores. Pedido foi entregue ao STF
O delegado Bruno Calandrini, responsável pela investigação sobre o balcão de corrupção no Ministério da Educação que levou à cadeia o ex-ministro Milton Ribeiro, pediu ao Supremo Tribunal Federal a prisão de integrantes da cúpula da Polícia Federal. A informação é do portal Metrópole deste sábado (13).
O pedido está nas mãos da ministra Cármen Lúcia, encarregada do inquérito sobre a corrupção no MEC. Calandrini alega ter havido interferência do alto comando da corporação nas apurações sobre o caso. É a primeira vez, na história recente, que um delegado pede a prisão da cúpula da PF.
O delegado disse à época ainda que houve “decisão superior” para que Milton Ribeiro, na ocasião da deflagração da operação que decretou a sua prisão, não fosse transferido de São Paulo para Brasília. Ele escreveu aos seus pares dizendo que não tinha “autonomia investigativa para conduzir o inquérito deste caso com independência e segurança institucional”.
Calandrini apontou também que o presidente Jair Bolsonaro teria alertado Milton Ribeiro do risco iminente de deflagração de uma operação. A acusação foi baseada em evidências obtidas em telefonemas interceptados com autorização judicial. A partir desse episódio, o Ministério Público Federal pediu que o caso, que estava na primeira instância da Justiça Federal em Brasília, fosse remetido para o Supremo Tribunal Federal. Desde então, o inquérito está com a ministra Cármen Lúcia.
O pedido de prisão da cúpula da Polícia Federal foi apresentado recentemente. Dentro da PF, já havia certa expectativa de que Calandrini, que virou alvo de uma sindicância interna após acusar seus superiores de interferir na investigação, poderia recorrer a uma medida extrema. O temor da direção aumentou dias atrás, com a constatação de que o delegado havia pedido ao Supremo uma medida cautelar. Os autos tramitam em segredo de Justiça.
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