A Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) divulgou nota repudiando as declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, que classificou os servidores públicos como “parasitas”, no sexta feira (07).
Diversas outras entidades representativas do funcionalismo público como a Federação dos Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos das Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra), Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), Associação dos Procuradores do Estado de São Paulo (Apesp), Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores dos Correios, repudiaram as declarações de Guedes.
Para os Delegados da PF, “qualquer manual básico de gestão consideraria a declaração do Ministro como assediante e desestimuladora […] Paulo Guedes, com suas falas, parece nutrir ódio crescente pelos agentes públicos. E com ódio nada se constrói.”.
“Trata-se de uma verdadeira tragédia acompanhar reiterados ataques daquele que deveria estimular o bom funcionamento da máquina pública.”
Os ataques de Guedes se voltam a professores, médicos, bombeiros, assistentes sociais, enfermeiros, policiais, defensores públicos e a todos os demais servidores do país para justificar a destruição dos serviços públicos, com base numa “estratégia sistemática de apontar os servidores públicos brasileiros como culpados dos problemas nacionais, silenciando sobre as causas verdadeiras, bem como a de difundir notícias inverídicas a respeito.”, continua a nota.
“O hospedeiro está morrendo, o cara virou um parasita”, disse Guedes em evento no Rio de Janeiro, onde foi defender a redução ainda maior dos serviços públicos oferecidos à população. Guedes também mentiu sobre os reajustes dos servidores, afirmando que tiveram aumento de 50% acima da inflação.
“Não bastasse a ofensa, o Ministro desinforma e confunde a sociedade ao afirmar que servidores públicos têm reajustes salariais automáticos e acima da inflação. A última negociação salarial para a maioria do serviço público federal se deu há mais de quatro anos e apenas repôs parte da inflação até então. No caso específico da Polícia Federal, há perdas inflacionárias desde o ano de 2016. Cada centavo de correção inflacionária decorre de extenuantes e prolongadas negociações com os governos, da mesma maneira que costuma ocorrer na iniciativa privada entre patrões e empregados.”, continua a nota dos ADPF.
“Certamente os servidores da Polícia Federal, que em pesquisas recentes foi identificada como a instituição de maior confiabilidade no conceito dos brasileiros, assim como os demais honrados agentes públicos, merecem mais respeito e valorização. Não há Estado forte sem instituições fortes. Demonizar o servidor público é destruir as instituições e o próprio país. A quem interessa a desvalorização do serviço público?”
Diante da repercussão e da pressão exercida pelos servidores públicos depois de suas declarações, o ministro foi obrigado a recuar e pedir desculpas ao funcionalismo, nesta segunda feira (10).
“Eu me expressei muito mal, e peço desculpas não só a meus queridos familiares e amigos, mas a todos os exemplares funcionários públicos a quem descuidadamente eu possa ter ofendido. Eu não falava de pessoas e sim do risco de termos um estado parasitário, aparelhado politicamente, financeiramente inviável”, escreveu.