Após ameaçar sair do país, a General Motors (GM) mostrou o que realmente estava por trás do alarde de fechamento de fábricas: a redução drástica de direitos dos trabalhadores e novos aportes do governo.
Na terça-feira (22) a GM apresentou a pauta de exigências ao Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos. As propostas foram apresentadas aos trabalhadores em assembleia na fábrica de São José dos Campos (SP).
Entre as propostas estão a redução do piso salarial de R$ 2,3 mil para R$ 1,6 mil, o fim da estabilidade de emprego dos trabalhadores com lesão ocupacional ou acidente de trabalho – em São José dos Campos são 1,3 mil funcionários nesta situação – e a liberação da terceirização em todos os setores da produção.
A multinacional também quer mudança no sistema de banco de horas e flexibilização da jornada de trabalho – com a implantação da categoria 12×36 – e fim do transporte fretado. No total foram apresentados 28 itens ao sindicato.
“Os trabalhadores ficaram indignados com a proposta da GM. O sindicato é contra a retirada de direitos e continuará com o processo de negociação, mas a decisão final caberá aos trabalhadores. Queremos tratar do assunto com total transparência e dando continuidade à luta por empregos e direitos”, afirmou o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Renato Almeida.
Atualmente, a GM de São José dos Campos e região emprega 4.800 funcionários. A empresa também está em negociação com os funcionários da fábrica de São Caetano do Sul. Uma proposta será apresenta ao sindicato ainda nesta quarta-feira.
Na semana passada, os trabalhadores foram surpreendidos com um comunicado da multinacional distribuído nas fábricas, que reproduzia matéria publicada pelo jornal Detroit News, sobre recente declaração da presidente mundial da GM, Mary Barra, em que ela deu sinais de que a empresa considera sair da América do Sul. “Não vamos continuar investindo para perder dinheiro”, disse a presidente da GM.
“Somos contra a reestruturação e não aceitaremos que os trabalhadores paguem esta conta com seus empregos. A GM é líder de mercado e não há qualquer motivo que justifique o fechamento de fábricas, como vem sendo anunciado”, afirmou o vice-presidente do Sindicato.
Enquanto isso, a montadora, que já recebeu benefícios fiscais do governo nos últimos anos, também realiza negociações com o governo do Estado de São Paulo para a concessão de créditos do ICMS. A empresa também pretende negociar com concessionárias e fornecedores.