Preferiu desviar recursos públicos para a orgia do “orçamento secreto”. Medida causou revolta geral, afirmou o presidente do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas do Estado (Fonacate), Rudinei Marques
Na segunda-feira (13), Bolsonaro confirmou que não haverá reajuste para os servidores federais. A fala de Bolsonaro em conversa com jornalistas se dá após meses de promessas vazias sobre o assunto, na tentativa de enrolar o máximo possível o funcionalismo público, que briga desde o final do ano passado por recomposição salarial e reestruturação de carreira com greves, protestos e entrega de cargos comissionados.
Inicialmente, Bolsonaro pretendia dar aumento apenas às carreiras policiais, o que deixou indignado o restante do funcionalismo, que reagiu com grandes mobilizações em todo o país.
Depois, o governo passou a dizer que daria reajuste no vale alimentação e, depois, que estudava conceder aumento de 5% a todas as categorias, propostas que foram rechaçadas pelas entidades representativas dos servidores, já que as perdas já somam mais de 30% desde o último reajuste.
Agora, ao dizer que não haverá reajuste, Bolsonaro fala novamente em aumento no vale alimentação.
“Lamentavelmente, não tem reajuste para servidor. Nós estamos tentando agora. Tem de vencer a legislação eleitoral; dobrar, o mínimo, o valor do auxílio alimentação”, disse.
Jair Bolsonaro ainda concluiu dizendo: “Servidor não perdeu nada. Perderam poder aquisitivo? Perderam. A inflação está aí. Está no mundo todo. Infelizmente”, disse, tentando ocultar sua real responsabilidade pela carestia desenfreada que atinge a população, inclusive os funcionários do Estado.
Diante das sinalizações do governo nas últimas semanas de que o reajuste não sairia mesmo, as entidades dos servidores já haviam se manifestado com indignação.
“Os servidores receberam com indignação a decisão do governo de não dar nenhum reajuste este ano. As perdas já somam mais de 30% desde a última restauração e a revolta é ainda maior porque vemos que o governo vai usar o dinheiro que seria para recompor o salário dos servidores públicos para a campanha eleitoral”, disse o presidente do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas do Estado (Fonacate), Rudinei Marques, na semana passada.
Para o economista Bráulio Cerqueira, que é presidente do Unacon Sindical, “o governo fala que não tem orçamento, mas não apresenta um estudo e nem conversa com os servidores. Com certeza existe espaço orçamentário”.
Como o governo ainda tem até 30 de junho para mudar de ideia e conceder o aumento, sem ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal, as entidades de servidores prometem intensificar as mobilizações da categoria para tentar reverter a posição do governo.